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Fechando acordos

Ibaneis se espelha em Luis XIV para montar sua equipe

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Autor/Imagem:
Marc Arnoldi

O vendaval eleitoral passou, mas o ritmo continua acelerado para os futuros ocupantes dos cargos executivos Brasil afora. Ibaneis Rocha, governador eleito de Brasília, aproveita o feriadão para fazer visitas paulistanas, além de check-up medical. Tenta encontrar o próximo mandatário do maior estado do País, João Doria.

Será o fim de uma semana consagrada, de um lado, em organizar a equipe de transição, que será ossatura do Governo, e de outro em visitas destinadas a preparar as primeiras ações em janeiro.

A área federal foi objeto de todas as atenções. O filiado ao MDB esteve com o maior nome do partido na atualidade, Michel Temer. E aproveitou para pôr à mesa algumas ideias, como a de modificar a repartição do Fundo Constitucional. O objetivo é voltar à letra da Constituição, que indica que seus recursos são destinados à Segurança Pública. E as eventuais sobras à saúde e educação.

Os reajustes das polícias no DF, compromisso de campanha de Ibaneis, passam por este envelope mensal bilionário. Mas as sobras seriam menores. O próximo governador quer que as aposentadorias, hoje pagas pelo Fundo, sejam suportadas pela Previdência.

Outro projeto discutido pelos emedebistas foi uma maior integração da região do Entorno com a capital Federal. O estatuto de RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento) não é o bastante para o governador eleito. Seu pleito é para uma “região metropolitana” e a criação de um tipo de “zona franca”.

Isso acabaria com as diferenças de tratamento tributário entre o DF e seus vizinhos. O tema foi também abordado em reunião com seu homologo goiano, Ronaldo Caiado, eleito para chefiar o estado vizinho desde o primeiro turno.

Também durante a campanha, foi declarado por vários integrantes da bancada federal que haveria recursos disponíveis para o DF por meio das emendas, tanto particulares quanto de bancada, mas que precisavam da apresentação de projetos para serem liberadas.

Ibaneis foi verificar numa ponta, com o ministro da Cidades, o goiano Alexandre Baldy. E mandou seu futuro Secretário da Fazenda, André Clemente, sondar a outra ponta, justamente a bancada, em período de elaboração das emendas. O chefe voltou com declarações de boas intenções do ministério (em particular em relação à expansão do Metrô), enquanto o colaborador aportou soma de R$ 790 milhões em emendas prometidas para o Orçamento Federal de 2019.

Do lado da próxima equipe, Paco Britto, vice-governador, foi indicado como chefe da transição. Um papel que será mais administrativo que propriamente político. Fiel a seu estilo, Ibaneis alugou do próprio bolso seis salas no CICB, além das colocadas à disposição pelo GDF no Centro de Convenções. É preciso acomodar 90 pessoas, sendo que somente 13 terão nomeação garantida no Diário Oficial até 31 de dezembro.

Se no âmbito federal o próximo mandatário já anunciou querer um ministério reduzido, o Executivo local não seguirá a mesma linha. Ibaneis não será avarento de secretários, podendo até mesmo dividir a pasta da Saúde em duas, uma para a atenção primária, outra que tocará a assistência hospitalar.

Alguns pouquíssimos nomes foram anunciados, vários são cogitados. Mas Ibaneis não parece ter pressa em colocar etiquetas nominais nas portas. A composição política deverá também levar em conta o apoio necessário na Câmara Legislativa. Só os dois petistas se declararam desde já na oposição. Oito distritais pretendem seguir a linha independente, enquanto o futuro governador parece poder contar com 14 parlamentares inclinados a apoiar o início de sua gestão.

Quanta à lista dos administradores regionais, e até mesmo a forma de indicação (durante a campanha foi esboçada uma possibilidade de estabelecimento de lista tríplice por parte de entidades representativas dos moradores), só boatos (e brigas locais).

Ibaneis talvez esteja meditando o desabafo de Luis XIV, o Rei-Sol da França, que já no Século XVII vaticinava: “Quando nomeio um ministro, arranjo 100 descontentes e um ingrato”.

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