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Voo alto do Calango

Temer cria Nação Ibaneis e DF vira uma mosca na sopa de Bolsonaro

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Após surpreender nomes favoritos nas últimas eleições para o Governo do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, eleito governador, já dá sinais de astuto articulador. Mesmo antes de tomar posse, obteve a assinatura de duas Medidas Provisórias pelo correligionário Michel Temer. Não é pouca coisa. A primeira MP entrega ao GDF a Junta Comercial, antes controlada pela União. O pacote é completo: serão transferidos os servidores, mesas, cadeiras, carimbos e computadores.

O resultado dessa decisão presidencial tem repercussão, principalmente, nos processos de abertura e fechamento de pessoas jurídicas. Ibaneis poderá, a partir de segunda-feira, adotar políticas objetivas para atrair novos negócios, simplificando a burocracia. Ao menos planejá-las até tomar posse.

A segunda MP, orientada pelo Estatuto da Metrópole, sancionado em 2015, torna o Distrito Federal integrante e polo de atração dos municípios vizinhos. Para bom entendedor, a MP permitirá anexar municípios de outros Estados (GO e MG) à Região Metropolitana de Brasília. O impacto dessa medida tem grande alcance em projetos comuns aos territórios.

O sistema de transporte intermunicipal, por exemplo, é um deles. Políticas de mobilidade padronizadas e compartilhadas passam a ser orientadas a partir do Buriti. Recursos federais, observe-se, também. O universo de Ibaneis, talvez seu sonho, seja agregar o maior número possível de municípios que hoje compõem a RIDE – Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal e Entorno.

Chama a atenção, após a ampliação dessa área em 2018, quando mais 12 municípios foram incluídos, passando a 33 (relação ao final). Essa área, inclusive em número de habitantes, é maior que muitos países europeus, liderada pelo DF que tem a maior renda per capita nacional.

Entretanto, observadores apontam o colégio eleitoral representado pela RIDE como um dos focos de Ibaneis. É bom levar a sério. Nem começou o seu governo e ele já disse ao que veio. Por enquanto, o Palácio do Planalto não deve dirigir atenção a esses movimentos pontuais. Além disso, medidas provisórias têm prazo de 120 dias até que sejam aprovadas na Câmara e no Senado ou perdem a validade.

Pessoas próximas a Ibaneis garantem que as iniciativas têm robustos fundamentos para a economia do Distrito Federal, mas que o futuro governador está de olho mesmo é nas eleições de 2022. De fato, consolidando um espaço de liderança além fronteira do quadrado, a jogada pode ser uma dor de cabeça aos futuros planos nacionais do Planalto.

O futuro governador do DF será a mosca na sopa dos bolsonaristas, segundo previsões mais pessimistas. Argumentam que ele poderá arregimentar, no momento oportuno, todo o lixo deixado pelos esquerdopatas, hoje sem liderança definida, reciclá-lo e incendiar a Esplanada dos Ministérios. Acentuam sua estreita e histórica ligação com sindicatos e centrais trabalhistas.

Ao menos fica a certeza de que ele não vai aguardar churumelas para colocar seus planos em ação. E já começou. Veja a demarcação do novo território de Ibaneis: Alto Paraíso, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cavalcante, Flores de Goiás, Goianésia, Niquelândia, São João d’Aliança, Simolândia e Vila Propício, todos de Goiás e Arinos e Cabeceira Grande, em Minas Gerais, novos integrantes, além de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Vila Boa, além dos municípios mineiros de Unaí e Buritis.

Nasce a Nação Ibaneis. O Calango não é fraco não.

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