Esportivo com caçamba
Raptor, a picape rebelde, parece um Mustang no meio do mato
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emO sobrenome é Raptor. O motor 3.5 V6 biturbo rende 450 cv, o câmbio automático tem dez marchas, os bancos são da Recaro e a carroceria é feita de alumínio. Essa breve descrição caberia bem a um carro esportivo. E é. A diferença é que não estamos falando de um hatch ou cupê, mas de uma picape.
Estamos falando da F-150 Raptor, modelo que foi um dos destaques da Ford no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. E, se a picape chamou atenção parada no estande, andando impressiona muito mais.
Soltamos toda a cavalaria da picape na pista de testes da Ford em Tatuí, no interior de São Paulo. Em vez de pavimentação nivelada e sem buracos – ambiente típico dos esportivos convencionais -, fomos para a terra, hábitat da Raptor.
Ao pressionar o acelerador, o motor ronca com saúde e a enorme picape, de 5,89 metros e 2.584 quilos, dispara como se fosse um Mustang. Antes de continuar, e já que o “muscle car” invadiu o texto, vamos a alguns esclarecimentos – e a um balde de água fria.
A Ford garante que não pretende vender a Raptor no Brasil. A razão é que ela é cara até nos Estados Unidos – é feita em Dearborn, Michigan.
Lá a picape custa US$ 54.350. Isso representa 27,6% a mais que os US$ 39.355 do Mustang GT Premium, versão vendida no Brasil. Como aqui o cupê é tabelado a R$ 315.900, dá para supor que, se fosse vendida no País, a Raptor não sairia por menos de R$ 400 mil.
Sacode a poeira – O jeito, então, foi aproveitar o dia para levantar poeira. A Raptor correu sobre cascalho e terra como se estivesse no asfalto. Para ir de 0 a 100 km/h bastam 5 segundos, informa a Ford.
Com a tração 4×4 acionada, a picape mostrou-se dócil nas curvas, apesar de tanta potência e torque (são 70 mkgf). Mas a F-150 também sabe dançar.
Para explorar a ginga da Raptor sobre piso de baixo atrito, basta desligar a tração integral e o controle de estabilidade. Com tanta força enviada ao eixo traseiro, o resultado é o que se vê na foto do topo desta página: a traseira fica arisca e pronta para sair derrapando a qualquer provocação do motorista.
“Quando dá preguiça de virar o volante, é só acelerar”, brinca o engenheiro e piloto de testes da Ford Luis Gozzani. Ele se refere a uma manobra comum sobre piso de baixa aderência, como terra.
Basta virar o volante de leve e acelerar que a traseira desgarra e a frente aponta para onde o motorista quer. Feito isso é só corrigir a direção (com assistência elétrica) para controlar a derrapagem.
Picape bem calçada – Os pneus 315/70 R17 agarram bem ao solo. A suspensão, desenvolvida em parceria com a especialista Fox absorve solavancos de forma surpreendente.
Enquanto a Raptor ia saltando sobre os obstáculos, foi possível conversar normalmente dentro da cabine. Era como se nada estivesse acontecendo.
O câmbio automático de dez velocidades faz passagens suaves e há borboletas no volante para trocas manuais. Assim, o motorista pode subir ou descer as marchas como em um autêntico esportivo.
Na linha 2019, entre as novidades há amortecedores magnéticos, para melhorar ainda mais a estabilidade. A unidade avaliada era modelo 2018.
A Ford F-150 é o veículo mais vendido dos EUA, e tem uma ampla gama de versões. As mais baratas são as opções destinadas ao trabalho, como a XL, que custa pouco mais de US$ 28 mil (cerca de R$ 107 mil na conversão direta).
A mais luxuosa é Limited, cujo preço sugerido ultrapassa os US$ 67 mil (algo como R$ 257 mil). Entre elas aparece a Raptor, a, digamos, irmã rebelde da família.
Além da capacidade de correr e saltar, a F-150 Raptor atrai pelo interior esportivo. A picape acolhe com conforto até cinco ocupantes.
Os bancos de couro são envolventes. Os largos apoios laterais são muito úteis em um carro de reações temperamentais. Os ajustes são elétricos e há aquecimento e ventilação.
Outra alusão a modelos esportivos é a faixa vermelha na parte superior do volante. O sinal serve para orientar sobre a posição central (rodas retas).
Controles ficam à mão – Embora a F-150 seja enorme, os comandos estão todos à mão do condutor. Além disso, todas as informações são bastante claras.
O acabamento inclui apliques que imitam fibra de carbono na alavanca de câmbio, painel e revestimento de portas. Entre os mimos estão câmeras para facilitar as manobras e central multimídia. Há ainda uma grande tela digital no quadro de instrumentos.
A partir da linha 2019, os assentos passaram a ser fornecidos pela fabricante Recaro. Outra novidade é o som, agora da Bang&Olufsen, em substituição ao da Sony, presente no carro avaliado.
Corpo leve – Como em toda F-150, a Raptor tem carroceria feita de alumínio. O metal leve está presente também no motor EcoBoost (bloco e cabeçote).
Com isso, a Ford conseguiu favorecer o desempenho da picape. Ao mesmo tempo, não comprometeu muito o consumo de combustível.
Aliás, com um litro de gasolina a Raptor roda, em média, 6,3 km na cidade. Em ciclo rodoviário, a média é 7,6 km por litro. Os dados foram fornecidos pela fabricante.
FICHA TÉCNICA
Preço sugerido
US$ 54.350 (cerca de R$ 212 mil na conversão direta, sem impostos)
Motor
3.5, V6, 24V, biturbo, gasolina
Potência (cv)
450 a 5.000 rpm
Torque (mkgf)
70 a 3.500 rpm
Câmbio
Automático, dez marchas
Comprimento
5,89 metros
Tanque
137 litros
Procedência
Estados Unidos