Um musical
‘Bullying’ busca cumplicidade da plateia de jovens
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emBullying é um problema de grande parte dos jovens brasileiros. Uma pesquisa da Unicef de 2017 apontava o País como o quarto com maior prática de bullying do mundo – entre as crianças de 11 e 12 anos entrevistadas, 43% disseram ter sofrido alguma violência física ou psicológica na escola. “Essa situação, porém, não acontece apenas nos colégios, mas também nas famílias, nas amizades, nas redes sociais”, conta Allan Oliver que, ao lado de Breno Ganz, escreveu o texto do espetáculo Bullying, o Musical, que estreia dia 16, no Teatro West Plaza, no shopping de mesmo nome.
“Decidimos tocar num assunto ignorado por peças e musicais, mas que interessa muito o público pré-vestibular”, explica Oliver que, como Ganz, tem 19 anos, ou seja, idade ainda próxima dos jovens que sofrem com o problema. “Pensamos primeiro em fazer uma websérie, mas como a logística seria complicada, decidimos fazer um musical. Para isso, foram fundamentais as experiências próprias e de colegas, além de uma pesquisa informal feita pelo Instagram, acompanhada por psicólogos.
De posse desse material, Oliver escreveu a história de Luísa (Carolina Amaral) que, cansada de não estar entre os mais populares da escola Epaminondas, decide abandonar os amigos Davi (Gabriel Wiedemann) e Beatriz (Letícia Porto) para se juntar ao grupo das patricinhas Larissa (Carol Cristal), Marcela (Isabella Esaudito) e Daniela (Giulia Garcia), que barbarizam com a turma do último ano do ensino médio.
“Tocamos em temas delicados, como suicídio, sexualidade e ciberbullying, mas sempre apostando mais no humor, para que a história não fique pesada demais”, explica Oliver, que divide a direção com Ganz.
Para reforçar o interesse no universo juvenil, os adultos que pontuam a trama só ganham destaque pelos seus problemas, como o diretor da escola Adônias, homem já cansado da profissão, ou a professora Aracy, que busca refúgio na bebida. “Mostramos que os adultos são displicentes, tão preocupados com os próprios problemas que nem notam o que se passa com filhos e alunos”, conta Oliver.
O elenco é formado por 17 atores, cuja grande maioria tem entre 15 e 18 anos. Embora cantem ao vivo, eles vão utilizar playback – Oliver e Ganz selecionaram canções de conhecidos musicais da Broadway (como Hairspray) até de bandas nacionais, como Legião Urbana (Química). As letras, no entanto, foram adaptadas por Rafael Oliveira, que as aproximou da realidade da história. E André Cortada cuida da direção musical.
“Não prestei vestibular, mas tenho amigos que até pensaram em se matar se não passassem, por causa da pressão familiar”, conta Gabriel Wiedemann, cuja comicidade encanta. “Luísa é típica menina que precisa vestir máscaras para se sentir no grupo, algo que acontece muito nas escolas”, atesta sua intérprete, Carolina Amaral, dona de uma voz cristalina.