Sedã encalhado
Corolla vai deixando ruas e fica só na vitrine
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emOs sedãs médios vêm perdendo participação de mercado, principalmente por causa do avanço das vendas dos SUVs compactos. O Corolla sempre foi uma exceção no segmento. Porém, no primeiro bimestre de 2019, o Toyota amargou o pior resultado em vendas em cinco anos.
No acumulado de janeiro e fevereiro de 2019, o Corolla foi o 16º carro mais emplacado do País. Em 2018, havia ficado com a 11ª posição.
A última vez que o Corolla teve um resultado mais baixo que o atual foi em 2013. O sedã médio da Toyota encerrou aquele ano na 20ª colocação do ranking de vendas.
No mês passado, o Corolla correu o risco de ficar fora da lista dos 20 mais vendidos. O Toyota ficou com a 19ª posição. “O principal motivo (dessa queda) é a proximidade da chegada da nova geração, que inclusive terá versão híbrida”, diz o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.
Embora a Toyota não tenha confirmado a vinda da nova geração, a notícia tem sido bastante divulgada em diversos veículos de comunicação desde o ano passado. O Corolla renovado, inclusive, já foi mostrado em outros mercados. “Muitos vão esperar o novo Corolla, que já está saindo do forno”, complementa Garbossa.
De acordo com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, que reúne trabalhadores também de Indaiatuba (SP), onde é feito o Corolla -, a produção do modelo atual deverá ser paralisada em agosto. O objetivo é preparar a fábrica da Toyota para a chegada da nova geração do sedã.
Segundo Garbossa, os bons resultados de concorrentes do Corolla também contribuíram para a queda de vendas do Toyota no primeiro bimestre. Em fevereiro, por exemplo, o Volkswagen Jetta apresentou forte alta nas vendas. Isso pode ter afetado o desempenho do Toyota, que é líder da categoria de sedãs médios.
No primeiro bimestre de 2019, a participação dos emplacamentos do Corolla no segmento de sedãs médios foi de 37%. Em 2018, havia sido de 42%.
Foram considerados apenas modelos que estão à venda zero-km no Brasil, e ficaram de fora os esportivos (afinal, eles não foram feitos para economizar). Descartamos também os com motor V8, pois a maioria costuma ter consumo acima da média. Os modelos relacionados apresentam médias mais altas do que a de seus concorrentes. Consideramos, para a lista, o gasto na cidade – no caso dos modelos flexíveis, com etanol. Os dados são do Inmetro.
O ano de 2013 foi o último em que o Corolla ficou atrás de seu principal rival, o Civic. Na ocasião, o Honda foi o 15º carro mais emplacado do País.
A partir de 2014, o Corolla começou a escalar o ranking de vendas. o Toyota conquistou a 13ª posição naquele ano e a 11ª em 2015.
Foi justamente em 2015 que a invasão dos SUVs compactos deu um salto, com a chegada dos inéditos Jeep Renegade e Honda HR-V. A partir daí, os demais sedãs médios passaram a perder espaço, enquanto as vendas do Corolla só cresciam.
Em 2016, com o agravamento da crise econômica no País, as vendas de modelos mais baratos caíram muito. Com isso, o sedã médio da Toyota ganhou ainda mais participação. O sedã a Toyota foi o quinto mais emplacado naquele ano e o sétimo em 2017.
Em 2018 surgiu o primeiro sinal de alerta para a Toyota. Pela primeira vez em três anos, o sedã médio ficou de fora da lista dos dez carros mais vendidos do País. Naquele ano, o Corolla foi o 11º colocado no ranking de vendas totais.
Nas quatro concessionárias consultadas pela reportagem havia exemplares de quase todas as versões do Corolla. Apenas uma delas, na zona sul da capital paulista, não tinha a opção GLI para entrega imediata.
As versões mais facilmente encontradas no mercado são a XEi e a Altis.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, não houve redução de produção do sedã médio nos meses de janeiro e fevereiro. Em março, no entanto, teve início uma redução no ritmo de fabricação na planta da Toyota em Indaiatuba, para equalizara as horas extras dos funcionários.
Até o momento, a Toyota ainda não se manifestou sobre as razões para a queda de participação do Corolla no mercado.