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BRB morreu?

Reunião de Ibaneis com o Santander alarma mercado

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Autor/Imagem:
José Seabra

Deputados avaliam convocar o governador Ibaneis Rocha para que ele explique, na Câmara Legislativa, uma suposta preferência pelo Banco Santander na busca de investimentos para o Distrito Federal. Ibaneis esteve reunido com dirigentes daquela instituição na semana passada, em São Paulo. Na pauta, questões relacionadas à estruturação de operações da dívida e concessões públicas, crédito para o governo e para eventuais empresas que desejem se instalar em Brasília.

Analistas do mercado financeiro entendem que Ibaneis, na melhor das hipóteses, pode ser denunciado por crime de responsabilidade. “Ninguém pode misturar coisa pública com o setor privado sem a prévia anuência do Legislativo’, disse um economista na condição de anonimato. Além disso, ressaltou, Brasília tem seu próprio banco (o BRB), em condições de suprir as necessidades da economia local.

O Sindicato dos Bancários do Distrito Federal também se manifestou sobre o assunto. “A estratégia da nova gestão (do Buriti e do BRB) parece ignorar a potencialidade do Banco de Brasília ao colocar nas mãos de um banco privado importantes segmentos do plano econômico do governo”.

Ainda segundo o sindicato, o Banco de Brasília tem o Instituto BRB, que poderia desenvolver ações sociais paralelas do GDF – nos moldes do que também foi conversado com o Santander -, entre outros programas relacionados a cultura, meio ambiente e esporte, bem como atuar fortemente em áreas estratégicas.

Há algo de estranho nessas conversas, diz, por sua vez, Ivan Amarante, diretor da Federação Centro-Norte da Confederação Nacional dos Bancários. “(…) A maioria das questões tratadas com o Santander pode ser executada pelo Banco de Brasília”, sustenta. Amarante também advertiu que naquilo que o BRB não puder participar por força da lei, pode ser negociado com bancos públicos ou mesmo outros bancos privados, em melhores condições do que supostamente foi conversado.

Na mesma linha atacou Raquel Lima, diretora do Sindicato dos Bancários. “Sempre fomos intransigentes na defesa do BRB, enquanto banco público”, frisou. Ela questionou principalmente o fato de a conversa ter sido com um banco estrangeiro. “Se o Governo do Distrito Federal tem um banco que pode ser o fomentador da economia local, oferecendo crédito para instituições privadas que venham para cá, por quais motivos foi procurar o Santander, que tem capital espanhol”?

Para economistas ouvidos por Notibras, o problema não é só de incoerência de Ibaneis nessas tratativas com o Banco Santander. “É de total despreparo. O governador e os dirigentes do BRB estão mostrando que são incapazes como políticos e como gestores. E essas atitudes estão deixando muita gente com a pulga atrás da orelha”, advertiram.

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