Quebradeira geral
Despesa com o servidor cresce mais que o PIB
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emAnalistas financeiros já têm uma resposta para a quebradeira de estados e municípios: os gastos com a folha de pagamento dos servidores crescem três vezes mais que o correspondente à riqueza gerada pelo Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Só para ter uma ideia, as despesas com ativos e inativos registraram um aumento real médio de 2,9% em 2018, na comparação com 2017. Foi o que revelou nesta segunda, 15, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Segundo o Ipea, o resultado é quase três vezes superior ao crescimento de 1,1% registrado pelo PIB no ano passado. Os Indicadores Ipea de Gastos com Pessoal indicam que as despesas com inativos subiram 7,6% em 2018, enquanto os gastos com funcionários ativos aumentaram 0,7%.
“Os dados refletem dois fenômenos interligados. O primeiro é o elevado ritmo de crescimento das novas aposentadorias verificado nos últimos anos – reflexo, em grande medida, do ciclo de contratações de servidores públicos ocorrido nos anos 1980 e nos anos 1990, até a renegociação das dívidas estaduais em 1997. O segundo é a não reposição de parte significativa dos postos de trabalho antes ocupados pelos recém-aposentados”, escreveu o Ipea, em nota técnica.
Os gastos com pessoal ultrapassaram R$ 373 bilhões em 2018, incluindo servidores ativos e inativos. Apenas Rio de Janeiro e Sergipe não elevaram as despesas com inativos no ano passado. Rondônia (22,8%) e Tocantins (17,1%) foram os estados que registraram maior crescimento nas despesas com inativos no ano passado.
Quanto aos servidores ativos, 14 estados tiveram crescimento nos gastos em relação a 2017, especialmente o Ceará (12,79%) e o Pará (8,52%).
O levantamento do Ipea não inclui gastos com pessoal ativo no Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima. Também não foi possível construir indicadores de gastos com servidores inativos nestes Estados.
Segundo Cláudio Hamilton dos Santos, um dos autores do estudo, chama atenção o fato de vários estados terem apresentado elevações nos gastos com ativos, o que não vinha ocorrendo em anos recentes.
“Talvez por ter sido um ano eleitoral, o fato é que vários estados apresentaram pequenos aumentos nos quadros de servidores estatutários em 2018”, observou Santos, em nota oficial.
Os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul têm mais servidores inativos do que ativos. Minas encerrou 2018 com 283.614 inativos e 245.319 ativos, enquanto o RS tinha 167.532 inativos e 107.906 ativos.