Bodas de cristal
Cachaça de Lula, 15 anos depois. Traz a saideira
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emVivendo a ressaca de uma crise política superficial, o brasileiro por pouco deixou passar em branco nesta quinta, 9, os 15 anos da histórica reportagem do New York Times, sobre a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atualmente preso, com o álcool.
Como se sabe, a história é cíclica e, por isso mesmo, nos apresenta velhas reprises. O fato ocorrido no dia 9 de maio de 2004 (domingo), quando um dos mais influentes veículos de comunicação do mundo publicou a matéria de Larry Rohter, então correspondente no Brasil, tem hoje um jeito de Déjà vu.
A publicação feita pelo jornal estadunidense virou manchete de todos os principais meios de comunicação mundo, justamente após a reação intempestiva do ex-presidente Lula, que após esmurrar a mesa e proferir meia dúzia de palavrões, mandou expulsar o jornalista do Brasil, depois de ler a matéria traduzida por sua assessoria.
A reação superou a ação, conforme registrou a revista Época, em sua edição 313, de 17 de maio de 2004. A manchete da capa era “Como o governo piora as crises”. Na principal reportagem há trechos que parecem mais atuais do que nunca. “Em questão de horas, jornais do Primeiro Mundo passaram a tratar como intolerante e autoritário o operário que um ano atrás os tinha impressionado ao virar presidente…”
E foi além: “Mais espantosa das várias trapalhadas que o governo Lula já protagonizou, a fúria contra o NYT ressaltou a incapacidade do governo de lidar com crises e antever as consequências das decisões que toma. Pior. Em vez de conter, amplifica as dificuldades que surgem pela frente.”
Só para recordar, as dificuldades mencionadas eram, principalmente, a definição do valor do salário mínimo, que criou a falsa expectativa de aumento maior do que o de fato foi concedido; a tentativa desmedida e inglória de blindar Zé Dirceu no caso “Waldomiro”; e, as ações frustradas para evitar a CPI dos Bingos, que protagonizou o primeiro grande escândalo do governo Lula.
E o ex-presidente ainda arrematou com essa frase, que se fosse atribuída a Jair Bolsonaro, certamente seria motivo para impeachment. ”Se eu deixar que me chamem de bêbado sem fazer nada, daqui a pouco alguém vai dizer que eu sou gay e vocês não vão me deixar fazer nada”.
O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, resumiu o episódio da seguinte maneira: ”Se, por um lado, a notícia foi maldosa, a reação foi burra. E muitas vezes a burrice é pior que a maldade.”
Quando vemos a oposição e boa parte da imprensa fazendo críticas recorrentes sobre a incapacidade do atual ocupante do Palácio do Planalto em lidar com assuntos espinhosos e crises, é bom lembrar que “a história se repete”. E a vida mostra que a última nem sempre é a derradeira. Traz a saideira!