As precauções
Câncer de pele cresce com trabalho ao ar livre
Publicado
emO câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, sendo 30% dos tumores malignos registrados no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O alerta para a prevenção vale para todas as pessoas em qualquer fase da vida, mas o reforço é maior para quem trabalha ao ar livre, como jardineiros, carteiros, arquitetos e varredores, pois está mais exposto aos raios do sol.
Um relatório publicado no começo de 2016 por um grupo de dermatologistas, membros da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV, na sigla em inglês), deixou claro que a maioria dessa força de trabalho na Europa está sob risco aumentado de desenvolver câncer de pele, principalmente do tipo não melanoma.
Segundo os resultados, após cinco anos de trabalho ao ar livre, as chances de ter o tumor são, pelo menos, duas vezes maiores nesse perfil do que naqueles que exercem a profissão em ambientes fechados. Os dados mostraram também que esse grupo tem menor conhecimento em saúde e baixa tendência à prevenção.
Robson Medeiros, de 36 anos, bombeiro militar do Estado do Rio de Janeiro, recebeu o diagnóstico de melanoma, tipo raro e mais grave do câncer de pele, em outubro 2017. Tudo começou com uma pinta de nascença que ele tinha em uma das coxas. A princípio, a mancha foi ignorada depois que uma dermatologista pediu a retirada do sinal sem explicar o que poderia ser.
Sem histórico de câncer de pele na família, Medeiros associa a doença mais à alta exposição solar ao longo dos anos do que à profissão em si. Porém, admite que não conhecia os riscos da não proteção.
“Na profissão [de bombeiro], é muito enfatizado o uso de equipamentos de proteção individuais (EPIs) para salvamentos, que também inclui o protetor solar, mas falta conhecimento do que é o câncer, não se fala muito por que [precisa usar protetor]”, afirma o profissional.
Ele conta que, na infância, praticava muitas atividades ao ar livre e, na fase adulta, continuou fazendo esportes, como corrida e montanhismo, que abrem espaço para a exposição solar. Segundo o Comitê Científico do Instituto Melanoma Brasil, a exposição cumulativa e excessiva nas primeiras duas décadas de vida aumenta muito o risco de desenvolvimento de câncer de pele. “Eu tive muito isso na infância. Um dia a conta chega”, comenta Medeiros.