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Mudando o original

Mexe aqui e ali na obra durante a reforma

Publicado

Autor/Imagem:
Marcelo Lima

Quem visita hoje este apartamento localizado em um condomínio fechado em uma zona mais reservada da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, nem de longe pode imaginar como sua configuração atual diverge das aspirações iniciais de seus moradores, apresentadas durante o primeiro encontro do casal com os arquitetos do studio ro+ca, Carlos Carvalho, Rodrigo Beze e Caio Carvalho, há 2 anos.

“Raros são os projetos que acabam concluídos exatamente como planejado no início”, afirma o arquiteto Carlos Carvalho.

“A medida que o tempo passa, circunstâncias externas acabam fatalmente se impondo. Sem falar no nível de interação com o cliente, que tende sempre a aumentar”, afirma ele. Ainda assim, sob qualquer ângulo que se observe, neste apartamento, de cerca de 120 m², ele admite que as mudanças de rota acabaram por se revelar decisivas.

A princípio, as intervenções do estúdio se resumiriam a abolir um dos três dormitórios do imóvel para ampliar a sala e a suíte do casal, sendo que o outro cômodo ficaria reservado para eventuais hóspedes. Além disso, a varanda seria integrada ao living, assim como, de certa forma, a cozinha. Ainda que, a pedido dos proprietários, ela ficasse separada por meio de uma esquadria retrátil para que o ambiente só fosse plenamente acessado apenas em ocasiões especiais.

“Quando o casal comprou o apartamento, a ideia era que só os dois viveriam ali, até que, com as obras já em andamento, descobriram que estavam esperando um bebê”, conta Rodrigo Bezé. Com isso, o quarto de hóspedes teve de se transformar subitamente no quartinho do novo integrante da família, o que demandou um projeto específico e bastante detalhado. A ponto de se configurar hoje em um dos pontos altos da decoração da casa.

A proximidade da chegada da cegonha, porém, não foi o único fator a produzir mudanças substanciais no rumo do projeto. Também a convivência com os arquitetos acabou por ampliar o leque de opções do casal e, de certa forma, seus próprios horizontes estéticos. “Eles tinham um perfil mais conservador. Imaginavam que iam viver em um apartamento mais clássico, mais bege. Mas, como adoram novas ideias, acabamos ganhando a adesão deles a algumas coisas impensáveis no início. Tipo deixar a laje exposta na sala”, lembra Carvalho. No último andar do edifício, e dispondo ainda de uma cobertura de alumínio e vidro na varanda, o apartamento desfrutava de excelentes condições de iluminação, o que abriu espaço para uma paleta mais fechada, menos tropical e mais urbana.

“Nossa cliente queria revestir uma das paredes com um material mais rústico, assim como dispor de uma cozinha mais escura, com visual mais próximo do industrial, o que nos agradou bastante. Assim, optamos pelo preto para a divisória metálica da cozinha e pelo tijolinho rústico para a sala. Nos dois casos, em vivo contraponto com a maioria das superfícies do ambiente, revestidas de madeira freijó”, afirma Bezé.

Paixão à primeira vista do casal, a poltrona Jangada, de Jean Gillon, acabou ocupando posição de destaque no living, que traz também mesas de centro de Jader Almeida e duas poltronas Peacock, de madeira clara, do dinamarquês Hans Wegner. Entre as obras de arte, duas preciosidades: um Volpi, presente aniversário de casamento do marido, e um Vik Muniz, que surge apoiado no aparador que atravessa a sala.

“O que mais gostamos neste projeto foi esse processo de criação conjunta que acabou determinando uma solução contemporânea, ainda que quente e acolhedora. As novidades que fomos introduzindo acabaram por mudar a maneira de eles pensarem e olharem para a casa, e não é sempre que isso acontece”, conclui Bezé.

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