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Brasil é samba do crioulo doido

Gilmar com Bial, nerd com Carluxo e povo com fortes

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

O programa global “Conversa com Bial”, exibido nesta madrugada, 15, entrevistou o ministro polêmico Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal. Bial abriu com aquela tradicional fala manjada do BBB. Não criou nada novo e o texto é o mesmo, muito chato, do reality show que apresentou por muitos anos.

O odiado Gilmar Mendes, quase defunto segundo seu algoz Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, talvez não resistisse a um polígrafo da verdade. Hesitante, gaguejante, vacilante, Gilmar enfrentou uma entrevista visivelmente armada, francamente dirigida e calculada, como se o programa do ex-BBB gozasse de uma audiência capaz de mudar os destinos do país. O final é patético, como veremos.

Visivelmente constrangido e claramente convencido pela Globo de que aquele cenário poderia proporcionar um melhor ambiente nas suas viagens internacionais, Gilmar Mendes foi conversar com o ex de Giulia Gam, que, com ele, Bial, dividiu carreiras substanciais não menos internacionais, segundo testemunhas. A armação foi crível. Os conceitos sobre Justiça também.

Questionaram a possibilidade de Sergio Moro ocupar uma cadeira no STF. Mendes foi categórico ao dizer que é necessário estar preparado para o cargo. E que não é o caso de Moro. Nada comentaram sobre o atual despreparado ministro Dias Toffoli. A claque – plateia que é orquestrada por um maestro para bater palmas quando é orientada – aplaudiu. Foi orientada novamente a aplaudir quando comentaram o fato de Bolsonaro ter revelado que deveria haver no STF um ministro “terrivelmente evangélico”. Tiro no pé.

Quando as câmeras passearam pela plateia, o visível perfil do público reunido ali poderia estar sinceramente aplaudindo a ideia do presidente doidinho. Em 2016 Mendes foi favorável à prisão em segunda instância. Agora não acha que é bem assim.

Para dar um ar de entrevista isenta, Bial combinou com Mendes que a edição revelaria cenas gravadas em celulares, em que brasileiros no Exterior hostilizam Gilmar nas ruas de Lisboa e aviões internacionais. Acertou previamente que o ministro seria submetido aos mais duros questionamentos, para dar um ar de credibilidade. Produção impecável, profissional.

Mas nada disso é entendido pela turma do vídeo game de Bolsonaro. Os macaquinhos adestrados de Carlos Bolsonaro e os outros zeros que o acompanham, insistem em que o importante é passar de fase. E acreditam que passam quando seus asseclas disparam nas redes sociais ataques contra inimigos amigos. Passam o dia todo no sofá, no subúrbio do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, com os controles remotos na mão, comendo pipocas e disparando contra todos com suas armas virtuais. Entendem que o mundo é virtual, os personagens são virtuais, o pai presidente é virtual. Enquanto isso Bial e Mendes montam um programa fake quase convincente. Assim não vão passar de fase os 01, 02 e 03 e seus macaquinhos adestrados.

Ninguém melhor para falar disso do que Olavo de Carvalho que percebeu (aí seu grande mérito) que tinha entrado para a trupe dos aloprados, dos moleques suburbanos eletrizantes, que até vão fazer um embaixador nos EEUU para dar um reset nas relações internacionais do Brasil, após a experiência impagável de fritar hambúrguer por lá. Que merda…

Depois de viver um Brasil que saiu de uma ultra-esquerda para quase uma ultra-direita – não foi por que os generais cagões, segundo Olavo de Carvalho, é que deveriam fazer isso mas não vão fazer -, a sociedade brasileira aguarda outros talk shows. Os meninos maluquinhos de Bolsonaro continuarão tentando passar de fase, iludidos de que passam todos os dias ao contabilizar cliques em redes sociais. A Globo, elaborada que é, fará outras entrevistas com a última instância da legalidade nacional e seus membros do STF. Quanto ao Bial, apenas uma referência à carreira substancial. Por falar em substância e carreira… deixa pra lá.

Provoca uma tristeza coletiva, evangélica mesmo, imaginar que o futuro do Brasil hoje está nas mãos de players de vídeo game, que subestimam a experiência dos mais velhos. O resultado disso será a ascensão do caminho do meio, de alguém que já percebeu o fenômeno e que nenhum grupo de pseudo-nerds, incompetente, irresponsável, poderá deter nas suas redes sociais.

Luciano Bivar pode não entender o que é ser suburbano. João Doria também não. Bebianno também não. Muitos apoiadores traídos também não. Muitos generais também não. Só para finalizar, o final patético do programa do Bial com Gilmar Mendes, foi o encerramento preciosamente calculado, em que a última fala de Mendes foi: “O Lula merece um julgamento justo”. A turma do vídeo game de Bolsonaro é incompetente e não poderá combater esse ataque virtualmente. Game over.

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