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Isolamento na pandemia

Para ONU, se abrir agora e depois fechar será o fim

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Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, criticou, nesta segunda-feira (18), os países que “ignoraram as recomendações” da Organização Mundial da Saúde (OMS) para responder à pandemia de coronavírus e estimou que o mundo paga um “preço alto” por essas estratégias divergentes.

“Vimos expressões de solidariedade, mas pouquíssima unidade em nossa resposta à Covid-19. Os países seguiram estratégias divergentes e todos pagamos um preço alto por isso”, disse Guterres.

“Muitos países ignoraram as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, acrescentou ele por videoconferência na abertura da Assembleia Mundial da Saúde, a reunião anual dos 194 membros da OMS que está sendo realizada pela primeira vez de maneira virtual.

“Como resultado, o vírus se espalhou pelo mundo e agora se dirige para países do sul, onde pode ter efeitos ainda mais devastadores; e corremos o risco de novos picos e novas ondas”, acrescentou, sem citar os países em questão.

Brasil
O ministro da Saúde interino general Eduardo Pazuello, afirmou na reunião que Brasil tem dimensões continentais, e cabe à pasta fazer ajustes nos protocolos de combate à Covid-19 segundo a gravidade de cada região.

Segundo Pazuello, os três níveis de governo devem dialogar, dando atenção especial ao Norte e ao Nordeste. Todos os recursos necessários para minimizar os efeitos da pandemia serão oferecidos, de acordo com o ministro interino.

Pazuello reiterou o comprometimento do Brasil com iniciativas globais e disse que “não quer deixar ninguém para trás”. De acordo com ele, o país está comprometido a facilitar o acesso ao diagnóstico e a possíveis tratamentos e vacinas contra a Covid-19.

“Há duas macroestruturas”, diz o ministro interino: o comitê de crise organizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que deve coordenar ações interministeriais; e o próprio ministério da Saúde, responsável por pensar em estratégias para lidar com a crise.

Mundo
Por sua vez o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que lançará uma investigação “independente” sobre a resposta à pandemia pela agência da ONU e seus Estados membros “o mais rápido possível no momento apropriado”.

“Lançarei uma avaliação independente o mais rápido possível, no momento apropriado, para revisar as experiências e lições aprendidas e fazer recomendações para melhorar a preparação e resposta nacional e global à pandemia”, afirmou Tedros aos 194 países membros da OMS reunidos virtualmente para sua reunião anual.

A pandemia expôs alguns problemas críticos entre países que podem colocar em risco o combate ao vírus.

Ele enfatizou que a OMS declarou uma emergência de saúde no dia 30 de janeiro, o nível mais alto de alerta, quando haviam menos de cem casos fora da China. Nas semanas seguintes, a organização afirmou que havia uma janela de oportunidade para conter a pandemia.

Estrago da pandemia
A pandemia do coronavírus Sars-Cov-2 matou pelo menos 313 mil pessoas em todo o mundo desde os primeiros casos assinalados em dezembro na China.

Os Estados Unidos são o país mais afetado em termos de número de mortes e casos, com quase 90 mil vítimas fatais e 1,5 milhão de casos.

É seguido pelo Reino Unido (34.636 mortos), Itália (31.908), França (28.108) e Espanha (27.650).

A OMS não se pronunciou sobre a conveniência de confinar ou não, mas recomendou a realização de testes, o isolamento e tratamento sistemático de todos os casos suspeitos. E seja qual for o progresso da epidemia em cada país, pediu o respeito e aplicação das medidas de distanciamento físico, a fim de impedir a propagação do vírus.

Os países seguiram essas recomendações de várias maneiras e em vários estágios da pandemia.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump acusou a China de ter ocultado o surgimento da epidemia e de ter subestimado deliberadamente sua gravidade. Suspeitando que a OMS e seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, endossaram cegamente a defesa de Pequim, suspendeu os créditos americanos à agência da ONU.

Guterres condenou implicitamente esta decisão. “A OMS é insubstituível. Precisa de mais recursos, em particular para fornecer apoio aos países em desenvolvimento, que devem ser nossa maior preocupação”, afirmou ele, enquanto a pandemia progredia rapidamente no hemisfério sul e, especialmente, na África.

“Proteger os países em desenvolvimento não é uma questão de caridade ou generosidade, mas uma questão de interesse comum esclarecido. Os países do Norte só podem superar a Covid-19 se os países do Sul o neutralizarem ao mesmo tempo”, insistiu Guterres.

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