Mão na terra
Cultivar plantas vira hobby na pandemia
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emMesmo diante de tantas restrições, se há algo que a experiência de se isolar nos ensinou foi o quanto pode ser saudável ampliar nosso contato com a natureza. Tomados quase como mantras, abrir a casa para fora e aproveitar qualquer espaço disponível para criar um canto verde – seja qual for seu tamanho ou proposta – são temas que entraram na pauta de toda e qualquer reforma. E o que não faltam são razões para isso.
Aparentemente sem volta, a guinada para o mundo digital colocou a questão em outra dimensão. Em especial no meio urbano, olhar para além das telas de nossas TVs, computadores e smartphones se transformou em um desejo quase físico. Assim como desfrutar de pequenos oásis em nossas casas: lugares onde a natureza pode reinar soberana e nós possamos, enfim, nos sentir, ao menos por algumas horas, distantes da tecnologia.
Sejamos sinceros. Por mais estranho que pareça, o fato de morarmos em um país tropical nem sempre nos motivou a morar de maneira mais verde. Sempre consideramos a natureza um bem à nossa disposição, permanentemente ao alcance das nossas mãos, ou ao menos dos nossos olhos. O isolamento porém nos colocou diante de uma nova realidade. Aprendemos, a duras penas, que a simples contemplação das plantas não apenas enriquece a decoração, mas ajuda a reduzir nossa ansiedade e, consequentemente, melhora nossas condições de bem-estar.
E para tanto, ninguém precisa ser um especialista em biofilia – hipótese adotada em 1984 pelo biólogo norte-americano Edward O. Wilson, que defende a ideia de que os humanos estão visceralmente destinados a se sentir em comunhão com o mundo natural. Hoje estamos mais informados e conscientes dos nomes e virtudes das plantas. Assim como mais atentos a qualquer canto subutilizado na casa, com algum potencial de se transformar em nossa pequena reserva ecológica.
Para muito além das samambaias e suculentas, a própria ideia de associar plantas e decoração mudou radicalmente. A compulsão biofilica está incorporando até pequenas árvores aos interiores, dentro de uma estética que combina espécies de maneira aleatória, ou, em outras palavras, o mais próximo possível do natural.
Atentas ao movimento, claro, empresas de todo o mundo já planejam um futuro pós-pandemia, no qual o mundo vegetal estará, direta ou indiretamente, associado a seus produtos. Caso da catalã Nanimarquina, que desenvolve tapetes de luxo, mas para uso externo, a partir de técnicas ancestrais e fibras ultramodernas e resistentes. “Nossa coleção surgiu do desejo de transferir o calor dos interiores para o meio externo”, explica Nani Marquina, designer e fundadora da marca. “Afinal, essa distinção, entre dentro e fora, só tende mesmo a se diluir, conclui.