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O estresse

Espirros e febre à parte, Covid traz cefaleia

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição

Essa pandemia provocada pelo novo coronavírus está fazendo surgir mudanças, causando estresse. E tem outras consequências práticas para a nossa saúde. A quarentena acaba gerando condições favoráveis para o surgimento ou intensificação das dores de cabeça, e por isso é preciso prestar atenção em hábitos prejudiciais.

Se você começou a sentir ou tem sentido mais dores de cabeça nos últimos meses, saiba que você não está sozinho. Ana Paula Peña Dias, neurologista especialista pela Academia Brasileira de Neurologia, conta que muitas pessoas tiveram uma piora no quadro de doenças crônicas, ou até o surgimento de novas, e existem vários fatores para isso.

“Uma das principais causas é o excesso de preocupação e ansiedade pelo cenário em que estamos vivendo”, explica a médica. O isolamento, as mudanças na rotina e a distância de pessoas queridas gera medo e aborrecimento, dois dos chamados fatores estressores, ou seja, elementos que pioram o quadro de dor de cabeça.

Apesar disso, é importante não generalizar e associar toda dor de cabeça ao estresse. Segundo Ana Paula, existem cerca de 40 tipos de dores de cabeça, que variam de intensidade, frequência, localização na área da cabeça e até efeitos.

A enxaqueca, por exemplo, é um dos tipos mais comuns, geralmente associada a uma dor que aumenta conforme a exposição intensa a luz e barulho, gerando enjoo e vômito. Mas existem outros tipos, cada um com sua causa.

Os distúrbios de sono pioram e dão origem a dores de cabeça, geralmente associados à falta de exercício e a um período prolongado dentro de casa. E não é apenas a falta de sono que leva ao incômodo, o excesso também pode ser prejudicial.

A ingestão de álcool em grandes quantidades e frequência, cujo aumento tem sido observado durante a quarentena, também é um causador das dores, assim como uma alimentação com grande consumo de alimentos gordurosos.

Outro fator contribuinte é uma grande exposição a eletrônicos, que por si só gera dor de cabeça e também leva a distúrbios de sono. “A luz interfere na produção do hormônio do sono. E geralmente o abuso também leva a mais ansiedade, com aumento de consumo de notícias”, explica a médica. O recomendado é restringir o uso, optando por momentos de lazer e práticas de outras atividades, como ler um livro, meditação, exercício e jogos.

Também é importante prestar atenção a outro elemento que geralmente passa despercebido no dia a dia: a postura. Ela interfere tanto na coluna lombar quanto na coluna cervical, podendo gerar um dos 40 tipos de dor de cabeça.

Assim, algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar a evitar as dores de cabeça, como aconselha a neurologista: “dormir bem, pelo menos de 6 a 7 horas por dia, ter uma alimentação leve e saudável, evitar bebida alcoólica, cigarro, cafeína — consumindo no máximo três cafezinhos por dia — e praticar atividade física, além de terapias como acupuntura e a prática de meditação”.

Além das mudanças, é importante ficar atento aos sintomas das dores de cabeça. Como o próprio nome diz ela é uma dor na região da cabeça, e começa de forma súbita e vai ficando mais forte. Algumas trazem outros sintomas, como desmaio, crise convulsiva, distúrbios na visão, tontura, vômitos, desequilíbrio e dificuldade para caminhar, e portanto demandam atenção médica. “Se a dor for acompanhada de febre, é importante ir para o hospital, já que pode ser um indício de covid-19”, alerta a neurologista.

Um outro problema associado às dores de cabeça é a automedicação, prática em que o paciente toma algum remédio sem orientação médica. “Existe um tipo de dor de cabeça, por exemplo, que ocorre quando o paciente toma analgésico constantemente, e aí [com a automedicação] a dor aumenta, fica mais crônica e mais difícil de tratar”, observa Ana Paula.

A médica ressalta que quando a dor se repete com frequência é preciso procurar tratamento com um neurologista, já que existem tratamentos específicos: “As pessoas estão acostumadas a conviver com dor de cabeça, mas ter dor não é normal. Tem a dor que pode ser nada grave, mas ela também tem tratamento”.

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