Meninas e meninos
Governo quer conter câncer com vacina do HPV
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emO papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) é uma infecção sexualmente transmissível extremamente comum e pode provocar desde verrugas genitais até neoplasias, como câncer no colo do útero, no pênis e na laringe. Estudos sugerem que entre 50% a 60% da população terá contato em algum momento da vida com este vírus. Por isso, a melhor forma de prevenção contra o vírus é a vacina, disponível nas unidades básicas de saúde (UBSs) do Distrito Federal.
“A vacina protege contra quatro tipos do vírus, dois de baixo risco e dois de alto risco. Os de baixo risco são encontrados em 90% dos condilomas genitais, também conhecidas como verrugas genitais. Já os de alto risco, a vacina protege contra os subtipos de HPV responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero”, informa Indara Queiroz, referência técnica distrital (RTD) em Ginecologia Oncológica da Secretaria de Saúde.
A especialista reforça a necessidade de a população procurar as salas de vacina das UBSs mais próximas de suas residências para aumentar a prevenção contra o HPV. O público-alvo da imunização são meninas entre nove e 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos, que devem receber duas doses, com intervalo de seis meses. Contudo, a cobertura vacinal dessa parcela da população tem se mostrado baixa nos últimos anos.
De 2013 a 2019, 47,8% das meninas nessa faixa etária residentes do Distrito Federal receberam duas doses da vacina contra HPV. Entre os meninos, a porcentagem foi ainda mais baixa. No período entre 2017 e 2019, dos meninos residentes do DF com idade entre 11 e 14 anos, apenas 28,4% receberam as duas doses necessárias.
Movimento anti-vacina
Indara Queiroz reconhece que o Distrito Federal foi pioneiro na vacinação anti-HPV, antes mesmo da introdução dela no calendário nacional de imunização pelo Ministério da Saúde. Mas, lembra ela, um dos principais fatores para a baixa cobertura vacinal tem sido que os adolescentes, público-alvo da vacina contra HPV, não procuraram as unidades de saúde habitualmente. Além disso, o movimento mundial anti-vacina nos últimos anos prejudicou não apenas campanhas relacionadas ao HPV, como também de outras doenças.
“Em 2017, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, lançou a campanha de vacinação nas escolas. Entretanto, muitos pais foram contra a vacinação, e estas campanhas foram gradualmente suspensas. A vacina também é ofertada na rede privada, porém a custos muitas vezes inacessíveis, ressaltando a importância da oferta em rede pública”, alerta a especialista.
Apesar de o preservativo ser outra opção para proteger contra doença sexualmente transmissível, Indara Queiroz ressalta que esse método é relativamente eficaz contra o HPV. “Ele protege parcialmente, pois alguns condilomas podem ser transmitidos com o contato de partes genitais as quais o preservativo não alcança, como a base do pênis ou a vulva. Então, a melhor forma de prevenção continua sendo a vacina”, reforça.
Muitas pessoas com HPV não desenvolvem qualquer sintoma, mas ainda podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que apenas 5% das pessoas infectadas desenvolverão alguma forma de manifestação da doença, que pode ser clínica ou subclínica (não visível a olho nu).
Os sinais clínicos podem incluir verrugas nos órgãos genitais ou na pele circundante, além do câncer no colo do útero, no pênis, na laringe e no ânus. E as subclínicas são diagnosticadas apenas por exames específicos.
Exames
A melhor forma de saber se uma pessoa tem HPV é por meio de exames clínicos regulares que incluem observação da presença das verrugas e exames de rastreamento como o Papanicolau, disponível em todas as unidades básicas de saúde.
Outros exames específicos – como a colposcopia e peniscopia – são realizados a partir da identificação das lesões previamente mencionadas. Eles também encontram-se disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).