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Ibope descarta transferência de votos automática; está tudo 0 a 0

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A diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, afirmou nesta segunda-feira (6), em entrevista ao Broadcast (serviço noticioso do Estadão), que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, teve uma alavancagem na reta final do primeiro turno, após seu desempenho no último debate de

TV. Segundo ela, Aécio e Dilma Rousseff (PT) aparecem em pé de igualdade em termos de potencial de voto para a disputa do segundo turno, e por isso a maior taxa de rejeição da petista não tem tanta importância.

Márcia comentou que, geralmente, o eleitor não segue a orientação do candidato derrotado no primeiro turno para decidir o voto na segunda etapa. Sua decisão se baseia nas próprias ideias sobre os candidatos que seguem na disputa. Segundo ela, as simulações de segundo turno feitas ao longo do primeiro turno não servem para avaliar o que deve acontecer daqui para frente.

“A primeira pesquisa do segundo turno é sempre muito importante, para mostrar como as coisas se acomodaram”, disse. Ela apontou, no entanto, que as simulações feitas até agora indicam que Aécio tende a conquistar cerca de 55% dos eleitores que declaravam voto em Marina Silva (PSB) na primeira fase da eleição.

Segundo Márcia, como a decisão no segundo turno tem um caráter plebiscitário – a favor ou contra o candidato que está no poder -, a decisão do eleitor tende a ser mais fácil e a indefinição, vista ao longo do primeiro turno, menor. José Roberto de Toledo, coordenador do Estadão Dados que também participou da entrevista explicou que não houve erro nas pesquisas de intenção de voto, apesar do desempenho mais forte de Aécio do que vinha sendo retratado pelas sondagens.

“Pesquisa é feita para dizer tendência, não para cravar números”. Tendo em vista as curvas de intenção de voto apresentadas por Aécio e Dilma, ele diz que não se surpreenderia se o tucano aparecesse numericamente à frente da petista na primeira pesquisa do segundo turno, embora em empate técnico. Toledo afirma que, até o fim do primeiro turno, Dilma venceria a eleição “por inércia”, ou seja, se todas as condições fossem mantidas. Agora, com a recuperação de Aécio, ela terá de fazer um esforço para conquistar novos eleitores.

O coordenador do Estadão Dados diz que a taxa de aprovação de Dilma, de 39%, não revela muito sobre o rumo da disputa. Mais importante, segundo ele, é o saldo líquido, ou seja, a avaliação positiva descontada a avaliação negativa. Segundo ele, normalmente o candidato consegue converter em votos cerca de 80% dos eleitores que avaliam o governo como ótimo ou bom, entre 25% e 40% daqueles que o avaliam como regular e praticamente nenhum entre os que avaliam a administração como ruim ou péssima.

“Esse saldo líquido da Dilma está em 15%, o que dá margem para qualquer resultado. Se fosse mais de 40%, era possível dizer que ela ganharia a eleição, e perderia se esse resultado fosse de 5%. Mas 15% está no limite, mostra sentimentos mistos.” O Ibope deve divulgar entre três e quatro pesquisas até 26 de outubro, data do segundo turno. A primeira, feita em parceria com Estadão e TV Globo, sairá na próxima quinta-feira.

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