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Lágrimas em Brumadinho

Clara, de Cid Farias, premiada em primeiro documentário

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição

A produtora Clara Digital, atuante no mercado publicitário há mais de doze anos em Brasília, acaba de vencer um dos mais antigos festivais de cinema do Brasil com o seu primeiro filme da casa, o documentário Vidas Barradas. A obra dá voz aos familiares das vítimas do maior acidente de trabalho da história do Brasil – o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.

Dirigida pelo publicitário Cid Farias (CEO da Clara Digital) e codirigido por Danilo Sarueiro, a produção tem roteiro da jornalista Daiane Cortes e produção executiva de Cláudia Chaves.  O documentário tem 119 minutos de relatos de sobreviventes e de familiares das vítimas da Vale.

O filme mostra ainda o drama dos índios Pataxós, que sobreviviam da água do rio, que agora está contaminado. O ritual da Festa da Água, cultura ancestral dos Pataxós, corre o risco de se perder com o tempo. Isso porque eles não podem mais chegar perto do rio que está morto, como afetou também a vida dos ribeirinhos, que não podem mais pescar nem plantar.

O documentário apresenta ainda o relato de quem trabalhou dia e noite em busca de sobreviventes. São os bombeiros, heróis que choraram junto com a cidade, que mergulharam na lama contaminada em busca de sobreviventes e corpos. Relatos de religiosos e fiéis, que independentemente da sua fé, deram-se as mãos em busca de oração e conforto espiritual.

Recuperar a alegria, voltar ao cotidiano, realizar pequenas ações, como uma comemoração em uma escola, são situações em que a população de Brumadinho ainda vai levar muito tempo para realizar. O filme acompanhou a visita da Comissão Internacional de Juristas Independentes à cidade de Brumadinho. Todos eles saíram também chocados com as proporções da tragédia.

Frases do diretor:
“O que eu vi e ouvi ao fazer este filme, vou guardar para o resto da vida”.
“Nossa intenção é dar vez e voz aos familiares das 272 vítimas deste crime”.
“Minas Gerais é uma bomba relógio. Aconteceu em Mariana. Aconteceu em Brumadinho. Vai precisar acontecer mais”?
“Como é meu primeiro documentário, ser selecionado já era um prêmio. Ganhar, estou me beliscando até agora. Inacreditável! Mas é isto, a história é triste, muito triste. Simplesmente, temos de dar voz a ela”. E esse foi o meu papel não só como mineiro, nas como cidadão brasileiro”.

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