Saco de pancadas, Chico ataca, e sente força da garra de Celina Leão
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emDerrotado nas urnas, sem chance sequer de ir para o segundo turno, o governador Agnelo Queiroz (PT) escalou seu leal escudeiro Chico Vigilante para destilar na Câmara Legislativa toda a ira que domina os petistas desde o dia 5 de outubro.
O deputado, porém, não esperava um antídoto tão forte contra o seu veneno. E os ataques que disparou contra o senador Cristovam Buarque (PDT), por ter se aliado a Rodrigo Rollemberg (PSB) e Aécio Neves (PSDB) foram refutados pela deputada Celina Leão, pedetista como Cristovam.
A deputada mostrou as armas. Afiou as garras e comparou Chico Vigilante ao mais vil dos subservientes. Foi a resposta de Celina Leão ao petista, que em carta difundida nas redes sociais se mostrou, segundo a parlamentar, insensato e oportunista.
– A subserviência do deputado, que sempre atuou na defesa do partido, que o povo, pelo voto, acaba de execrar da política brasiliense, quis se fazer notar pela candidata a presidente, e numa última tentativa de se manter no poder resolveu fazer a demagógica carta ao senador, cobrando o apoio dele à candidatura de Dilma. E durante 72 horas ele ficou na dúvida entre o respeito à verdade e a demagogia barata que sempre permeou as opiniões de alguns políticos. E esta prevaleceu, como sempre, acusou Celina, referindo-se ao seu desafeto na Câmara Legislativa.
Embora seja conhecida por não guardar mágoas, Celina parece ter ocupado a tribuna na tarde desta terça-feira 14 para despejar todo o sentimento de angústia que a dominou ao longo dos últimos quatro anos, quando levantava a voz contra o governo de Agnelo Queiroz.
Celina, no contexto da defesa que fazia do senador Cristovam Buarque, lembrou as perseguições, os fakes, as mentiras, as guerrilhas virtuais tão usadas pelo partido do deputado (Chico Vigilante). Mas são gestos, disse, “que não intimidam os políticos que realmente lutam por um Brasil democrático, livre, com uma melhor qualidade de vida.”
Em seu pronunciamento, a deputada foi enfática. “Nada amedronta o senador Cristovam Buarque, que como político coerente e ético que sempre foi, teve a coragem de buscar alternativas para bem governar, mas com o passar do tempo, quando sentiu que o partido tinha se desviado dos ideais de mudança, de ética e de justiça social, teve a hombridade de sair do PT, não ficou se favorecendo com as benesses do poder.”
– Fiquei estarrecida ao ler a história do convite que foi feito para o brizolista autêntico, como ele mesmo afirmou, à época. Em cada palavra a gente sente como o PT quer usar as pessoas, e quer mantê-las escravizadas, sem liberdade de buscar novos caminhos, e ainda percebemos como a cúpula do partido, o PT Nacional, interfere na escolha dos seus representantes, em detrimento dos próprios companheiros do partido, desabafou.
Em outro trecho do seu discurso, Celina citou “o fisiologismo, tão presente na política brasileira, que o deputado (Chico Vigilante) acha que os eleitos têm uma obrigação de fidelidade eterna com ele e com seu partido, não com o povo, o país e a cidade. Ele faz parte da visão de que a eleição é um prêmio e não uma tarefa para a qual o eleito foi escolhido”, sublinhou.
Celina Leão lembrou a época em que Cristovam Buarque deixou sua cadeira na Universidade de Brasília para aceitar disputar o Palácio do Buriti.
– Cristovam foi convidado pelo PT por possuir as qualidades necessárias para governar o DF. Por isso, sua eleição foi um reconhecimento, e mesmo com todas as dificuldades que enfrentou ele manteve seus compromissos. Isto é o que um político deve assegurar, compromisso com o seu eleitor e não gratidão. A ética não se compra e nem tão pouco a honradez, mas são atributos inerentes ao berço e à educação.
“Já vi Cristovam escrever que discordava do seu mestre Darcy Ribeiro, porque este disse um dia que o” Senado é o Céu”, e Cristovam diz que o” Senado é um Campo de Batalha onde ele luta por suas bandeiras”. O Poder nunca sobrepujou o sonho de mudanças sociais de Cristovam Buarque”, acrescentou a deputada.
No entendimento de Celina Leão, na relação de Cristovam com o PT, o partido muito mais ganhou do que deu. “Parece que o deputado não entende muito de números, pois foi o homem Cristovam que deu um governo ao PT e infelizmente elegeu Agnelo Queiroz. Basta comparar os votos em 2010 e os de agora. Em 2010, com o apoio de Cristovam, a coligação do PT elegeu Agnelo. Agora, Agnelo teve uma votação pífia e Magela (deputado Geraldo Magela, derrotado na disputa para o Senado) ainda pior. Este é o retrato de uma administração que o deputado (Chico Vigilante) defende.”
Celina falou para uma galeria cheia e um plenário silencioso. Refutou mais uma vez os ataques de Chico Vigilante. E indagou se não seria por medo da competência dos adversários, que o PT age com mesquinhez , lançando mão de atos rasteiros.
Indignada com os ataques dirigidos ao senador, Celina salientou que Cristovam “tem todo o direito de apontar novos rumos sem perder sua coerência, porque o apoio declarado a Aécio, significa uma resposta qualitativa ao povo brasileiro, que não agüenta mais o mesmo tipo de política, com políticos rasteiros, que elevam seus partidos mais alto do que seus ideais.”
Serena, sem alterar o tom de voz, a deputada foi categórica ao afirmar que “a postura de Cristovam é a mesma de muitos simpatizantes do PT e de ex-petistas, que um dia sonharam que o Partido dos Trabalhadores fosse conseguir realizar grandes revoluções, mas simplesmente, além de não conseguir alcançar esses feitos, criticam a todos que de forma democrática se opõem ao que eu considero um projeto de poder pelo poder e não um sonho de um país para todos.
Por fim, Celina Leão cobrou de Chico Vigilante, e dos petistas como um todo, um pouco de coerência.”A grandeza do PT deveria ser reconhecida ao respeitar o momento em que o senador opta por uma alternância de poder. É preciso entender que lealdade devemos ter aos princípios e atitudes, e não usá-la como instrumento de escravidão.”
Elton Santos