Casa da Mãe Joana
‘A raposa e a roubalheira no galinheiro’
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emA Supremo Casa da Mãe Joana e o Covil de Ali Babá voltam a agir coordenadamente, com objetivos distintos. A primeira, mais uma vez, atropelou o comprometido e acovardado Congresso Nacional para, através de decisão monocrática, depois referendada pelos vassalos do plenário, invadir a seara alheia e “obrigar” o Senado a realizar uma CPI capenga, onde a vontade de derrubar o Presidente sobrepõe-se ao combate à roubalheira desenfreada que eles próprios propiciaram aos governadores, prefeitos e secretários de saúde, logo no início da pandemia.
No segundo caso, coroando um rosário de absurdos, o presidente do Senado, após desfilar uma dezena de razões para a inconveniência da instalação de uma CPI em pleno pico da pandemia e em detrimento das reformas estruturais fundamentais ao restabelecimento da normalidade do País, deu prosseguimento à ordem recebida de seus patrões e instalou a Comissão, informando que pelo menos a primeira reunião e outros desdobramentos da CPI serão presenciais, a despeito de a Divina Corte, através de uma decisão monocrática do ministro Kássio Nunes, haver proibido os cultos religiosos. Conspirar pode, rezar não.
Ocorre que o plenário do STF já havia decidido que as medidas restritivas de locomoção e regras sanitárias para conter a pandemia seriam de competência concorrente entre União, Estados e Municípios. Assim, a proibição dos cultos é apenas mais um episódio autoritário de insegurança jurídica no cardápio já quilométrico da desmoralizada Suprema Corte.
Para a estupefação, mas não surpresa, da sociedade, a formação do grupo das raposas que irão investigar a roubalheira no galinheiro conta com figuras de ponta no ranking das denúncias de corrupção, como Renan Calheiros, Jader Barbalho, Ciro Nogueira, Humberto Costa, Tasso Jereissati e outros candidatos menos conhecidos ao Oscar da ladroagem nacional.
O mais estarrecedor, que representa total desprezo pelo País e avilta o anseio dos eleitores é que o favorito para comandar essa corja é o multidenunciado Renan Calheiros, o que significa que essa gente é capaz de tudo para escapar e livrar seus semelhantes das garras da justiça.
É um escárnio com a Nação e uma bofetada na cara do cidadão brasileiro que um escândalo marcado pela expectativa de um desdobramento judicial mais contundente que o “mensalão” e o “petrolão”, com a revelação do desvio de bilhões de reais destinados pelo governo federal, extraído de recursos que poderiam estar dando às famílias atingidas pela catástrofe sanitária e econômica uma condição mais digna para enfrentar as adversidades, e que já causaram a morte pela doença e pela fome de dezenas de milhares de brasileiros, esteja fadado a receber o mesmo destino das dezenas de processos de corrupção que são seguidamente arquivados nas diversas instâncias da justiça, ou das falcatruas investigadas nas Comissões Parlamentares de Inquérito que sistematicamente acabam em pizza, fortalecendo cada vez mais a impunidade e consolidando a posição do País no topo da corrupção mundial.
Pobre Brasil, comandado a 22 mãos por um grupo de vassalos de aluguel, que manipulam as leis e agrilhoam aqueles que as produzem, sob o olhar complacente dos que foram escolhidos para ditar os destinos da Nação e por um povo acomodado e subjugado.