Curta nossa página


Julinho e os Irmãos Grimm

Pega o ladrão, pega o ladrão. E isso não é conto

Publicado

Autor/Imagem:
Julinho de Adelaide (*Texto de abertura de Pretta Abreu)

O mundo é repleto de fábulas e contos de fadas. Mas do imaginário ao real, é um pulo – ou um acorde. É isso o que Chico Buarque canta em Acorda Amor, como se os pesadelos que assustam o povo brasileiro não tivessem um fim.

Essa música, de 1974, composta por Julinho de Adelaide (pseudônimo de Chico Buarque para tentar burlar a censura da ditatura militar) se mantém atual.

A sujeira continua, a roubalheira não para e a repressão moral nunca esteve tão em voga. Nessa música, Chico brinca com as palavras. Chame o ladrão (e não a polícia) porque uma obscura viatura (a repressão) estava encostando.

Se o regime militar ‘caçava’ o que se convencionou chamar de subversivos, nem por isso o  Brasil deixou de viver na contramão. Apesar disso, a história ainda consegue mostrar, por meio de atos do Judiciário, que há luz no fim do túnel. Que algemas existem, que tornozeleiras eletrônicas funcionam, e que celas estão sempre abertas para receber criminosos de colarinho branco que manipulam dinheiro do povo.

Nas prisões, em cárceres com uma população incontável, sempre cabe mais um. Quem tem fama de leal, não escapa. E quem acredita que tem costa larga, cercado por um escudo de nogueira e o rugido de uma leoa, começa a pisar em ovos.

Esse é o terceiro de uma longa série de artigos Queremos Nosso Brasil de Volta, uma iniciativa Notibras. Veja a letra a seguir. O vídeo foi reproduzido do Youtube.

Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição

Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão

Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição

São os homens e eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão

Se eu demorar uns meses
Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo e pode me esquecer

Acorda amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção

Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa não reclame
Clame, chame lá, clame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
Não esqueça a escova, o sabonete e o violão

Vídeo reproduzido do Youtube

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.