Impeachment
Ida do povo às ruas deixa o Planalto acuado
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emO Palácio do Planalto ligou o sinal de alerta. Descobriu neste fim de semana que os atos contra o presidente Jair Bolsonaro estão ganhando força e podem, sim, influenciar o Congresso Nacional para que tome a decisão de tirar um processo de impeachment da gaveta. As palavras de ordem “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro” ecoaram no sábado, 19, por ruas e avenidas de centenas de cidades brasileiras e do exterior, assustaram os governistas.
As mobilizações foram convocadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, além de organizações de trabalhadores, indígenas, quilombolas, entidades religiosas e torcidas organizadas, e ocorreram em continuidade aos atos massivos do 29 de maio, que contou com a participação popular em mais de 200 municípios em todos os estados. Os organizadores estimam que cerca de 750 mil pessoas compareceram a atos ocorridos em 427 cidades brasileiras e em outros 17 países.
“Estamos juntos nessa jornada do ‘Fora Bolsonaro’ por todo o país. Estamos muito tristes porque são 500 mil brasileiros e brasileiras que perderam suas vidas com um governo genocida com uma política fascista que foi cometida no último ano”, disse João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Avenida Paulista, em São Paulo.
“Porém cabe a nós conduzir a luta mesmo em uma situação adversa e enfrentar o vírus do bolsonariamo e da covid. Por isso, dizemos em alto e bom som: “Fora Bolsonaro”. Queremos auxílio emergencial de R$ 600 para o nosso povo como direito e vacina já” ,disse ele.
“Essa manifestação não termina aqui e hoje é um dia importantíssimo. Nas próximas semanas iremos determinar o dia de luta seguinte, que pode ser uma greve geral, uma paralisação, ocupação, até derrubar esse governo Bolsonaro. Vamos à luta, se cuidem. É um momento de luto, mas também de luta”, finalizou João Paulo.
Apesar da emergência sanitária, a população foi forçada a tomar às ruas, como forma de pressionar o governo federal a atender as reivindicações, entre elas maior investimento no Sistema Único de Saúde (SUS), garantia de leitos e insumos, aceleração da vacinação, auxílio emergencial de R$ 600, políticas para manutenção de salários e apoio a pequenas e médias empresas. Bandeiras que podem ser resumidas pelo grito de “Fora, Bolsonaro”.
No Recife o ato se concentrou na Praça do Derby e percorreu toda a Avenida Conde da Boa Vista. Diferente do dia 29 de maio, não houve repressão por parte da Polícia Militar. A organização da mobilização estimou a presença em 10 mil pessoas. Chamava atenção o uso de máscaras e álcool em gel pelos manifestantes e os pedidos persistentes dos organizadores por distanciamento social entre os participantes.
No Rio de Janeiro, o ato durou quatro horas e teve quase quatro quilômetros de trajeto até a Igreja da Candelária. Estudantes, trabalhadores, sindicatos, servidores públicos e movimentos populares gritaram palavras de ordem contra o governo federal. Segundo os organizadores, o ato teve número de participantes semelhante à manifestação do 29M. A mobilização carioca contou com a participação da deputada federal Benedita da Silva (PT). Ela chamou atenção para o avanço da fome nas localidades mais pobre do país. “São meio milhão de pessoas mortas por conta da negligência e da negação do Bolsonaro. Milhares de pessoas não estão mais conseguindo um prato de comida, milhares estão desempregadas, sem oxigênios nos hospitais, sem assistência. Não podemos mais morrer de covid nem de fome”, afirmou.
Em Belém, a concentração aconteceu em frente ao mercado de São Brás. Os belenenses foram às ruas por vacina no braço, auxílio emergencial e em defesa das liberdades civis garantidas pela constituição. O ato também denunciou a destruição da Amazônia e seus culpados no governo, com o mote “Povo nas ruas em defesa dos povos e da floresta”.
Em Maceió, a mobilização reuniu milhares de trabalhadores do campo e da cidade, unidos pelo “Fora, Bolsonaro”. A manifestação se concentrou na Praça Centenário, no bairro do Farol, por volta de 9h, depois seguiu em caminhada pela Avenida Fernandes Lima.
Em João Pessoa, o ato começou por volta das 9h em frente ao Liceu Paraibano, no Centro da cidade. De lá, os manifestantes seguiram para o Parque Sólon de Lucena, também no Centro, às 10h30.
Em São Paulo, os manifestantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) e tomaram a Avenida Paulista. Houve distribuição de máscaras pelos organizadores. Na capital paulista, uma manifestante emocionou ao carregar um cartaz em memória do irmão, vítima da pandemia. “Morreu de covid porque não foi vacinado, e o Bolsonaro rejeitou lotes de vacina em agosto, que já poderiam ter vacinado milhões de brasileiros”, afirmou. “Que todos peguem as fotos de seus familiares e tragam aqui, Para mostrar como as pessoas estão sentidas. Bolsonaro não é brasileiro”, declarou. Veja o depoimento:
Em Brasília, os indígenas do “Levante pela Terra”, mobilização que pede o fim da retirada de direitos originários com a presença de várias delegações do país, somaram forças ao ato que demanda “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro”. O protesto teve início às 9h, na Biblioteca Nacional, bloqueou completamente o trânsito do Eixo Monumental.
Em Belo Horizonte, milhares de pessoas tomaram as ruas da capital. Com máscaras, cartazes e bandeiras, o grupo se concentrou no início da tarde na Praça da Liberdade, aos gritos de “Bolsonaro genocida”. No interior do estado, cerca de 50 cidades também registraram mobilizações por vacina e auxílio emergencial.
Em Porto Alegre, os manifestantes enfrentaram a chuva e começaram a se reunir por volta das 15h, com concentração em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde foram feitas falas de lideranças políticas, sindicatos e movimentos sociais. Segundo a organização, o número de manifestantes superou os 30 mil do ato realizado em 29 de maio. Em todo o estado, mais de 50 cidades registraram atos pelo “Fora, Bolsonaro”.