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Urnas de 2022

Teremos nova direção ou só uma nova farsa?

Publicado

Autor/Imagem:
Pedro Augusto Pinho/Via Pátria Latina

Para efetiva e consistente mudança no País e na vida dos brasileiros, nada adiantará substituir, por eleição ou por golpe (seja militar ou parlamentar ou judiciário), o atual presidente Jair Bolsonaro pelo Lula da Silva, ou qualquer dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), ou pelo Ciro Gomes, PDS (1982), PMDB (1983), PSDB (1990), PPS (1997), PSB (2005), PROS (2013), PDT (2015), ou pelo Cabo Daciolo (sem partido), ou por qualquer outra personalidade que frequente as pesquisas de opinião sobre um futuro Presidente do Brasil.

Em profundidade, mudança que efetivamente altere a direção da nossa Nação e dê outra expectativa de futuro ao País, nenhum nome nem qualquer partido, existente ou por se formar, conseguirá. Desilusão? Desesperança? Descaso? De modo algum.

Porque nenhuma alteração poderá se realizar estando o Brasil dirigido, colonizadamente, pelo mesmo interesse, o do sistema financeiro internacional, que até o início do século XXI designaríamos, abreviadamente, por “banca”, mas que preferiu ser rotulado, mais elegantemente, de “gestor de ativos”.

Os gestores de ativos têm a seu dispor fortuna superior ao produto interno bruto (PIB) de qualquer país, mesmo dos Estados Unidos da América (EUA) com seus 20,93 trilhões dólares (USD), ao final de 2020, ou até maior, com a possível recuperação de 6,4%, no 1º trimestre de 2021, computada pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), do Departamento de Comércio dos EUA.

Simplificando, os gestores de ativos, estimativamente, dispõem de cerca de USD 23 trilhões; quinze “brasis”, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em valores correntes, no primeiro trimestre deste ano. O poder de corrupção, de suborno, para ameaças, de montante, em nosso ultra desigual país em termos de distribuição de renda, não tem similar.

Já os vemos em ação, com as alienações para o exterior do patrimônio brasileiro – Eletrobrás, Petrobrás, Vale do Rio Doce, água e saneamento básico, nióbio, Embraer, Correios, Embratel, petróleo cru, controle das exportações (o que nos faz regredir ao velho colonialismo britânico na Ásia e na África, no século XIX) – e com os depósitos remunerados do nosso dinheiro, que passa a noite nas contas bancárias, para aumentar os lucros dos Santander, Itaú, Bradesco, e ainda gerar fictícia dívida pública para todos nós. E nenhuma imprensa comercial, hegemônica, chama este assalto pelo nome de corrupção.

Afinal, rico não corrompe!? Compra as vidas e as almas, pense nisso Daciolo.

Falta-nos, em primeiro lugar, um programa nacional-trabalhista, como o que nos deu o mais longo período de progresso, desenvolvimento econômico, social e cultural: a Era Vargas. Faltam-nos também lideranças nacionalistas como Getúlio Vargas, Leonel Brizola, João Goulart, que estes mesmos interesses, em campanhas midiáticas diuturnas, fizeram-nos acreditar que eram corruptos ou comunistas, só por não se curvarem, como os atuais políticos, com ou sem farda, ao avassalador capital financeiro.

Quem é afinal esta banca ou este gestor de ativos?

Sua história é longa, começa ainda na Idade Média, mas sempre com a mesma característica: usa o dinheiro público como se fosse particular, mas só para seletíssimo grupo.

Também curiosa e notável é a história do dinheiro, seja moeda ou título de crédito, sempre envolta em fraudes ou farsas. Vejam, por exemplo, a usura, os juros, proibidos pela maior autoridade medieval, a Igreja Católica.

Aristóteles (384 a.C-322 a.C), filósofo grego, autor de “A Política”, forneceu as noções econômicas a Tomás de Aquino (1225-1274), doutor da Igreja, sendo então o grego cristianizado para tornar pecado os empréstimos remunerados. Ao teólogo Nicole d’ Oresme (1323-1382), conselheiro do rei Carlos V, da França, atribui-se a máxima tomista “os juros são inadmissíveis porque a moeda é estéril”. Este senhor d’Oresme foi um verdadeiro financista/rentista “avant la lettre”, pois asseverava que a inflação era consequência da intromissão do Estado na economia, deixassem o mercado desregulado e a economia fluiria maravilhosamente, não é Baronesa Thatcher? Concorda Mr. Reagan?

Não pretendemos repetir uma história, de resto bem conhecida, dos judeus banqueiros, em Veneza, Nápoles e Gênova, que migram para os Países Baixos e para Inglaterra, onde fundarão, com as nobrezas locais, os primeiros bancos centrais, no século XVII, com monopólio da criação das moedas nacionais. E de como as finanças inglesas dominam a economia na Grã-Bretanha, superando a industrialização, que desenvolvem e subordinam aos seus interesses, nos séculos XVIII e XIX. E, do outro lado do Oceano Atlântico, as antigas treze colônias inglesas se transformam no rico Estado industrial, os Estados Unidos da América (EUA), ao longo do século XIX, vencedor das duas grandes guerras da primeira metade do século XX.

Vamos começar pela disputa entre as finanças e a indústria que se dá, fortemente, na segunda metade do século XX. Uma guerra por trás das cortinas, com mortes, traições e, na maior especialidade dos contendores, com muita corrupção e incontáveis fraudes.

Mas é preciso ter cuidado. Ambos os lados, das finanças e das indústrias, são especialistas em “inventar realidades”. Veja, por exemplo, como os historiadores Abigail Jones e James Green (Reinventando a história: Lincoln Gordon e as suas múltiplas versões de 1964, Revista Brasileira de História, volume 29, nº 57 ou scielo.br/j/rbh/a/5vTmVyS7TNZYP4Lj3PqntyS/?lang=pt#) tratam o embaixador estadunidense, operador do golpe de 1964, que derrubou o Presidente João Goulart. Longe de ser personagem desinteressado, apresentando versão minimamente equilibrada, crível, Lincoln Gordon mentia descaradamente, aqui e nos EUA.

Inventar e reinventar o passado são fáceis, mas estes gestores de ativos apresentam o presente irreal, pois somente com as farsas, os engodos, ou pelas pressões, que também usam todo tempo, seriam capazes de destruir economias nacionais, lançar milhões de pessoas na miséria, na fome ou nas prisões sem culpa, quando não nos cemitérios e valas comuns.

Esta é a realidade, o cotidiano dos gestores de ativos, os patrões dos dirigentes brasileiros. Acaso algum presidente enfrentou estes donos do Brasil, desde 1985? Nos melhores momentos vimos engodos de lado a lado, salvando a refeição do dia. Mas outros chafurdaram gostosamente no desmonte do País.

Urge mudar, mas de verdade, efetivamente colocar a questão nacional e o trabalhador brasileiro como a primeira e mais importante tarefa de governo. Quem se candidata?

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