Tiro no pé
Aziz acusa Bolsonaro de arroubo golpista e ataque à democracia
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emO presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) abriu a reunião desta terça, 10, lendo uma nota oficial em que condena o desfile de blindados realizado na Esplanada dos Ministérios. O parlamentar disse que o Brasil passa por um momento grave e o presidente comandou uma lamentável ação para intimidar parlamentares e opositores.
O presidente Jair Bolsonaro, disse Aziz, tentou demonstrar força, mas evidenciou a fraqueza de um presidente acuado e acusado de corrupção. “As forças jamais podem ser usadas para intimidar a população e adversários políticos legitimamente constituídos. Não há previsão constitucional para isso. A democracia é inegociável”, enfatizou.
Na mesma reunião, o líder do Governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), lembrou sua história no Congresso Nacional e afirmou que aposta na democracia e no Estado de direito para superar momentos de maior tensão. Ele compartilhou as preocupações de outros senadores, mas apontou alguns excessos nas falas. Para Bezerra, é preciso evitar ambientes de radicalização: “Nosso papel como membros do Congresso Nacional é criar e apostar em um ambiente de diálogo”.
O desfile de blindados realizado pouco antes do início da sessão, no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados pode votar a proposta do voto impresso, também foi comentado por outros senadores na CPI. Eduardo Braga (AM) condenou a ação e afirmou que “todo poder emana do povo e em nome do povo será exercido”.
Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacaram não ser a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro se utiliza do cargo para tentar intimidar os parlamentares. “Talvez seja para não demonstrar a força, mas para esconder, como os esquemas de corrupção que esta CPI está descobrindo”, comentou Randolfe.
Já Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que não foi a primeira vez que Bolsonaro tentou intimidar o Congresso Nacional. Mas, segundo ele, a estratégia não tem dado certo, pois os senadores não vão se intimidar e nem recuar. Para Otto, o presidente deveria se preocupar com a inflação, com as pessoas que perderam a vida na pandemia e com a geração de emprego e renda para 15 milhões de desempregados. Porém, acrescentou, nada disso o comove, apenas a necessidade de proteger o mandato.