Lembrando Elza
Brasil perdido; carne mais barata é a do povo
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emO Brasil assiste atônito o desprezo institucional pelo ser humano. Bondade e amor ao próximo foram trocados pelos discursos de ódio. O distanciamento social transcende o físico para estabelecer moradia no pensamento de quem nos governa, assim como o racismo brasileiro já não mais se reserva às cores da pele. O ódio estimulado é o sentimento que parece prevalecer entre as pessoas que pensam diferente. Não se vê moderação. As instituições estão em pé de guerra, enquanto o racismo estrutural se pluraliza. A espetacular Elza Soares rasga o verbo e atinge a alma de quem a escuta, quando canta que “A carne mais barata do mercado é a carne negra (…)”. Ouso me aproveitar da arte viva de Elza para me apropriar de parte da letra dessa crônica em forma de poema para parafrasear: A carne mais barata do mercado é a carne do brasileiro. Só cego não vê/Que vai de graça pro presídio/E para debaixo do plástico/E vai de graça pro subemprego/E pras valas de quem morre de Covid/A carne mais barata do mercado é a do brasileiro.