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Somos mutantes

De mulher para mulher, vamos falar sobre TPM

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Autor/Imagem:
Andrea Pavlovitsch - Foto Divulgação

Demorei muito para entender a minha TPM. Eu a confundi com muitas coisas: cansaço, estresse, depressão, problemas. Depois de muitos anos convivendo com ela, vendo-a mudar de forma, posso afirmar: precisamos conhecer os nossos ciclos.

Existe uma carta da Deusa que é a Mulher Mutante. Seu nome navajo é Estsanatlehi ou ‘aquela que se renova’. Um dos significados é justamente celebrar e entender os seus ciclos. A mulher é cíclica. Somos inconstantes e somos guiadas pelo ciclo hormonal, não somente pelos 28 dias, mas também pela menopausa, mas costumamos ignorar bastante tudo isso, ainda mais num tempo em que tudo parece querer ser igual.

Já estudei sobre os hormônios, mas não sou médica, então digamos que sou curiosa. Existe um livro que fala disso e é muito interessante, escrito pelo Dr. Malcon Montgomery, chamado ‘A mulher e seus hormônios’. Esta obra explica tudo isso direitinho e eu sugiro a leitura.

Bem, voltando aos ciclos, o perigo é justamente esse: alguns homens brincam que qualquer pequeno nervosismo que passamos é TPM. E como não queremos e não gostamos do estigma, ficamos mais bravas ainda. Pode ser que você esteja reagindo, não agindo. Por isso, precisamos nos precaver.

Estou falando isso porque detectei um traço interessante da minha TPM. Sempre que ela aparece, questiono meu relacionamento. Se não estou em nenhum, questiono o fato de não estar. A TPM me deixa mais carente e isso me faz querer ser mais amada, acarinhada. Quando o homem continua vivendo a vida dele (o que é perfeitamente normal), eu já começo a fazer a clássica pergunta: “será que ele me ama mesmo?”.

Mas aí o tempo passa, a menstruação chega e os meus gravíssimos problemas emocionais e de relacionamento desaparecem. O problema é que quando estamos sensibilizadas, é fácil fazer porcaria.

É fácil mandar tudo às favas. É fácil esquecer que existem outras coisas na pessoa que a mantém por perto. É fácil não perdoar os outros seres humanos, de um cara que te fechou no trânsito às malcriações dos seus filhos. Entramos numa espiral de um tipo específico de loucura parcial que é perigosa. Ela passa logo, mas pode deixar sequelas graves.

Por outro lado, é importante entendermos que, de fato, pode ter algo errado; algo que ignoramos no restante do tempo, mas, quando estamos naqueles dias do ciclo hormonal, acabam sendo mais claros. Não ignore suas sensações, mas deixe para resolver depois. Se escrever uma carta, guarde-a com você. Se tomar uma decisão importante, deixe para implementá-la depois que o ciclo passar.

É interessante que você faça um diário. Existem, inclusive, muitos aplicativos de controle de fertilidade ou ovulação em que você pode inserir estes dados e compará-los mês a mês e, assim, entender como o seu ciclo funciona. Se ele te traz raiva, força, dor, vontade de dormir. Se você não sente nada também, se fica mais apática, não sei. É necessário nos entendermos como mulheres que somos e também respeitarmos esses momentos em que precisamos até de mais solidão. Evite que os seus hormônios sejam inimigos ocultos!

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