Feitiço contra o feiticeiro
Gigante desperta e pode melar a viagem do astrólogo do mal
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emNum misto de arrogância e prepotência, os bolsonaristas raiz já traçam planos para a vitória do líder em 2022. Estimulados pela análise do astrólogo Olavo de Carvalho, o povo do cercadinho adianta que nova vitória bolsonarista representará o fim do esquema de poder construído pelo PT e seus associados ao longo de 50 anos. Também seriam sepultados “o centro motor e financiador de todo o movimento comunista latino-americano”, os planos internacionais de eliminação da soberania nacional brasileira e de subjugação do país ao esquema globalista, além de “milhares de carreiras e biografias de políticos, intelectuais e artistas de esquerda que viveram por anos usufruindo do dinheiro público”.
Enganam-se os que pensam que terminou a viagem bolsonarista pelo mundo do faz de conta. No sonho doutrinador de Olavo de Carvalho viraria pó a impunidade do narcotráfico e do crime organizado, grupos que, segundo ele, tomaram conta do Brasil e deixaram a sociedade trabalhadora e honesta acuada e refém. Certamente ele esqueceu de listar as milícias e a turma das rachadinhas na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. É um lapso perdoável. Afinal, não se deve acusar os que juram inocência, mas não conseguem mostrar nem a cegos alguma candura. Conforme os búzios enferrujados da referência ideológica do mito, serão defenestradas todas as grandes empresas da mídia esquerdopata ainda financiadas com o dinheiro público.
Da mesma forma, sairá de cena a constelação prestigiada do show business de esquerda e o sistema de poder instalado nas universidades federais e no sistema de ensino em geral. Para Carvalho, tanto a imprensa quanto os artistas, professores e pesquisadores antipáticos a Bolsonaro se acostumaram a viver como milionários, usufruindo do dinheiro público. Mais uma vez sou obrigado a interromper a narrativa para lembrar que hoje, além da imprensa e de alguns poucos artistas simpáticos ao quanto pior melhor, também vivem pendurados na viúva blogueiros, influenciadores digitais e espalhadores de fake news. É mentira? Que o diga o Supremo Tribunal Federal, mais especificamente o ministro Alexandre de Moraes.
E esse povo, conhecido como integrantes do Gabinete do Ódio (?), é regiamente pago. Parecem ratos, pois, quando descobertos, fogem como meninos mijados para os Estados Unidos ou México. Também é mentira? Que o digam Abraham Weintraub, Marcos Antônio Pereira Gomes (Zé Trovão) e Allan dos Santos, entre outros pé rapados. Posso até discordar de suas colocações extremadas, mas Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Letícia Sabatella, Paulo Betti, Leandra Leal, Debora Bloch, Ailton Graça, Matheus Nachtergale e Wagner Moura não se escondem sob as saias de seus ídolos políticos, tampouco fogem ao primeiro sinal de insatisfação dos opostos.
Sempre em nome de Deus, as garras afiadas do grupo do cercadinho imaginavam que a vitória sobre Luiz Inácio ou qualquer outro que se aventurasse a peitar o bolsonarismo em 2022 seria destruidora. A ideia era dizimar grupos, organizações e indivíduos, isto é, pessoas. Esse sonho antipatriótico começou a ser traçado às vésperas do fracassado golpe de 7 de Setembro. Era o início do fim de uma democracia conquistada com muita luta e muitas mortes. O Dia D lembrou um convescote macabro. Nos locais de reunião dos simpatizantes da tomada da Terra Brasilis, a ordem sinistra era de ritual do ódio: tomar um copo de veneno imaginando que o outro iria morrer.
Deus realmente está acima de tudo e de todos. Por isso, deu tudo errado. As instituições reagiram. Felizmente foi uma viagem do astrólogo do mal na maionese estragada. A verdade é que Olavo de Carvalho e os (as) olavetes, incluindo o presidente da República e seu séquito medieval, não contavam com o despertar do povo brasileiro. Eles pregavam a queda de tudo qeu os incomoda imediatamente após a posse de Jair Bolsonaro para seu segundo mandato. O gigante adormecido despertou e, ao que parece, não há cansaço capaz de fazê-lo voltar a dormir. É um novo ciclo que se avizinha. Se a intenção era salvar o país das “garras demoníacas” dessa gente da esquerda, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978