Lago Norte
Produzir mel vira alternativa econômica e ambiental
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emEm 1991, o casal de produtores rurais Evandro Schappo e Diana Schappo comprou uma chácara de 5 mil m² no Núcleo Rural Córrego do Palha (Região Administrativa do Lago Norte). Dez anos depois, eles começaram a investir na produção de mel. Hoje, várias colmeias de abelhas de variadas espécies — uruçu-amarela, mandaguari, mandaçaia e jataí, entre outras, todas sem ferrão — habitam o rico minibioma da propriedade, que recebe assistência técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater). Na última semana, o chefe de cozinha Vinícius Rossignoli esteve na chácara para conhecer o sistema e preparar uma receita com pólen de abelha.
Evandro conta que, quando adquiriu o local, havia apenas pasto, apesar de o terreno ser acidentado. O núcleo rural fica em uma área conhecida com Serrinha do Paranoá, separada do lago pelo Setor de Mansões do Lago Norte. “Eu mesmo plantei essa agrofloresta aqui”, relata o produtor, mostrando com orgulho as imensas árvores, plantas e flores que dominam mais da metade do terreno.
As colmeias ficam espalhadas por todo o lote, tanto perto de casa quanto na minifloresta. As espécies são tão diversas que uma pessoa leiga pode confundir a abelha com um mosquitinho comum. “São abelhas que não fazem mal nenhum, pelo contrário: além de polinizar as plantas ao redor, produzem mel, própolis, pólen e outros produtos”, explica Evandro. Só no cerrado, existem mais de 30 espécies de abelhas sem ferrão.
A chácara do casal é utilizada também como espaço para eventos. “Com a pandemia, porém, tivemos que fechar, daí nossa fonte de renda veio da venda de mel e da produção de caixas de colmeia”, revela Diana. “A demanda é muito alta, tem muita gente querendo criar abelhas no Distrito Federal, tanto na área rural quanto na zona urbana.”
De acordo com o coordenador de Floricultura da Emater, Carlos Morais, a criação de abelhas tem vantagens econômicas e ambientais. “Qualquer produtor rural pode manter colmeias na propriedade, independentemente de qual seja sua produção”, detalha. “Elas polinizam as plantas, e ainda há a possibilidade de elevar a renda extraindo mel e outros produtos”.
Gastronomia
Por meio de uma parceria com a Emater, o chefe de cozinha Vinícius Rossignoli esteve na propriedade. Conhecido por seu trabalho de valorização dos alimentos do cerrado, Rossignoli elaborou um creme composto de inhame, queijo cottage e pólen, iguaria que vai bem com pães e torradas.
“Procuro produtores que tenham responsabilidade ambiental”, diz o chefe de cozinha. “Os alimentos da nossa região são muito variados e extremamente saborosos. Desde que comecei essa experiência, já utilizei mais de 570 sabores do cerrado.”
Seu principal objetivo, conta Rossignoli, é valorizar a culinária local e, ao mesmo tempo, trabalhar com conservação ambiental. “Precisamos estar atentos, pois grande parte do cerrado já foi destruído. Com isso, estamos acabando com nossa cultura secular. Cada ingrediente novo que encontro, é uma nova história que posso contar”, conclui.