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Governo da utopia

País vive letargia administrativa que só os cegos não enxergam

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto/Reprodução - Revista Galileu

Amor e ódio. A relação interna e externa dos bolsonaristas com tudo que não simboliza o período bozolítico é impressionantemente incoerente. É a antítese de tudo que é posto como normal. Aliás, normalidade é um termo que foge ao controle de qualquer ser humano normal vinculado à gestão de Jair Messias. Amam falar mal do conglomerado Globo, mas não deixam de assisti-la. Portanto, fica subentendido que, com a mesma intensidade, devem odiar SBT, Rede TV, Band e Record, pois não as assistem. Sabem tudo da Globo Lixo, inclusive com acompanhamento diário do RH do grupo dos Marinhos, de onde ficam sabendo quem continua ou foi demitido da empresa.

Da Jovem Pan (Jovem Klan para alguns), menina dos olhos de Bolsonaro, não querem nem saber. Prova disso é que, após quase zerar na audiência (0,03 ponto de média), o arremedo de TV por assinatura tenta um novo diretor de jornalismo para satisfazer o ego bolsonarista do empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha. Negócio complicado para quem ainda não percebeu que esse ramo esfarrapado da política nacional está com os dias contados. O puxasaquismo da emissora que se diz séria é tão meloso que dia desses, por meio do programa radiofônico Os Pingos nos Is, o grupo teve o desplante de protagonizar uma enquete dirigida e pra lá de surreal.

Uma das principais divulgadoras da campanha difamatória do presidente da República contra o sistema eleitoral brasileiro, a empresa, talvez na tentativa de provar isenção jornalística e reputação ilibada, perguntou a “seus” telespectadores se o Tribunal Superior Eleitoral terá uma boa atuação nas eleições de 2022. Tão cretina como óbvia, a pergunta não foi diferente das respostas: 93,9% dos “consultados” responderam não. Após lembrar o traço de audiência da Jovem Klan, respirei aliviado e dormi convicto de que eles não realizarão o sonho de fechar o tribunal, incômodo para o mito e seguidores justamente pela seriedade de seus membros e servidores.

A verdade é que os bolsonaristas têm pavor das urnas eletrônicas, equipamentos que eles tentam, tentam, tentam, mas não conseguem violar. Investem fortunas em hackers e difamadores profissionais, mas nada provam contra a maquininha de votar. Portanto, apesar da perda de alguns pontinhos nas pesquisas de intenção de votos, mantida a atual toada, Lula deve vencer a terceira eleição presidencial das cinco que disputou. Considerando as duas vitórias de Dilma Rousseff, são quatro vitórias até agora. Foram governos de altos e baixos, mas infinitamente melhores do que a utópica administração do mito Jair Messias.

Ocupada demais com as frustradas tentativas de inflar o ego do papa do cerrado, a turma do cercadinho não admite que se fale em letargia no desgoverno bolsonarista. Tudo bem. Entretanto, se o período não é letárgico, cadê os resultados? É uma letargia que só cegos não enxergam. Por exemplo, sem defesas irracionais, o que gerou de útil para o Brasil as recentes viagens a Moscou e Budapeste? Os brasileiros precisam saber se houve algum proveito econômico, tecnológico ou político. Não vale justificar com o aumento das milhagens de Carlos Bolsonaro, que, embora seja vereador pelo Rio de Janeiro, despacha com relativa frequência no Palácio do Planalto. Passa a impressão que 02 odeia o Rio de Janeiro e seus eleitores.

Nesse fim de semana, revendo imagens sobre a catástrofe em Petrópolis, um banner chamou minha atenção e certamente de quem o viu. Em meio a dor das famílias que perderam entes queridos, casas, referências e, principalmente, a esperança no Estado, moradores da cidade conseguiram mostrar ao país um lamento que, infelizmente, é generalizado. “O Brasil está abandonado”. E, convenhamos, é um sentimento verdadeiro. Portanto, está chegando a hora de respirarmos novos ares. Outubro, mês da próxima eleição presidencial, é nossa grande chance. Votemos em quem realmente pode nos representar e garantir as liberdades democráticas conquistadas com algum sacrifício. Não esqueçamos que, associados a eventual antipatia por determinado candidato, votos brancos e nulos nos fizeram chegar onde chegamos: à porta do precipício.

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