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Nervos de aço

Pequim critica Washington e ataca sanções a Moscou

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Bartô Granja, Edição - Foto Han Guan

A China acusou os Estados Unidos de criar “medo e pânico” sobre a crise na Ucrânia e sugeriu que o apoio dos EUA e da União Europeia à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deixou o presidente Vladimir Putin com poucas opções, e que os chineses se opõem às sanções impostas contra a Rússia, reiterando uma posição chinesa de longa data.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, pediu negociações para reduzir as tensões que crescem rapidamente. Segundo ela, os EUA estão alimentando as tensões ao fornecer armas defensivas à Ucrânia, sem mencionar o posicionamento de até 190.000 soldados russos na fronteira ucraniana. Hua também não mencionou os esforços dos EUA, França e outros para envolver a Rússia diplomaticamente.

Os laços com a Rússia se estreitaram sob o comando do líder chinês Xi Jinping, que recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, em negociações em Pequim no início deste mês. Os dois lados emitiram uma declaração conjunta apoiando a oposição de Moscou a uma expansão da Otan nas ex-repúblicas soviéticas e apoiando a reivindicação da China à ilha autônoma de Taiwan.

Pequim não vê as sanções como “a melhor maneira de resolver problemas”, disse a porta-voz Hua Chunying em uma entrevista a jornalistas em Pequim nesta quarta-feira, 23. Ela também criticou os EUA e a Otan por instalarem armas ofensivas perto da Rússia, perguntando se “eles já pensaram nas consequências de encurralar uma grande potência”.

A crise na Ucrânia forçou a China a um delicado ato de equilíbrio, pois busca apoiar a Rússia contra os EUA, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma potência global responsável. O presidente americano, Joe Biden, impôs sanções a Moscou por reconhecer a independência das duas autoproclamadas repúblicas separatustas ucranianas e prometeu que mais viriam. Outros aliados dos EUA, como União Europeia, Japão e Reino Unido, também atingiram a Rússia com medidas econômicas punitivas.

Os EUA vão bloquear duas grandes instituições financeiras da Rússia, o VEB (banco público de desenvolvimento equivalente ao BNDES brasileiro) e o banco militar Promsvyazbank (PSB), juntamente com 42 de suas subsidiárias. O governo dos EUA também vai restringir a negociação da dívida soberana do país, que impedirá Moscou de arrecadar dinheiro no Ocidente. Também serão sancionados membros da elite russa e seus parentes.

Já a União Europeia anunciou sanções contra 351 legisladores da Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), que votaram a favor do reconhecimento das regiões separatistas. Os membros da Duma que são alvo das sanções passam a ter quaisquer bens na UE congelados e ficam proibidos de viajar aos países do bloco. Além dissso, 27 autoridades e instituições russas de Defesa e do setor bancário e financeiro também foram sancionados, com o objetivo de limitar o acesso de Moscou aos mercados financeiro e de capitais da UE.

Hua disse que os EUA são “culpados” pela situação da Ucrânia, afirmando que o governo americano estava “colocando lenha na fogueira enquanto apontava o dedo para outras pessoas que tentavam apagar o fogo”. “Esse ato é irresponsável e imoral”, disse a porta-voz sobre os movimentos dos EUA.

A China frequentemente critica a política de sanções dos EUA, também impostas a Pequim por questões como denúncias de abusos de direitos humanos na região de Xinjiang, no extremo oeste chinês, e medidas para prender ativistas pró-democracia em Hong Kong. Hua também comparou as ações dos EUA com as da China, que ela disse serem mais construtivas.

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