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História da carochinha

Sujo decide atacar o esfarrapado com medo de perder a boquinha

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Wenceslau Araújo - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom

Por numerosas vezes deixei claro aqui mesmo neste espaço que não tenho qualquer vinculação com o PT, muito menos com os petistas de ontem ou de hoje. Apesar de uma necessária isenção, também já me manifestei contrário à forma escolhida por Jair Bolsonaro para governar o país. Portanto, nada tenho contra o governo do presidente eleito em 2018. E não há motivos para contrariedades sobre algo que não existe. É apenas uma constatação, mas não vem ao caso. Embora não o considere o melhor dos candidatos, tenho pensado com alguma frequência em formalizar minha torcida por Luiz Inácio no pleito de outubro.

As razões são as mais diversas, mas uma tem povoado minha mente pura e santa faz alguns dias. A ideia começou a chegar ao papel e depois ao site nesse fim de semana, logo após a entrevista do ministro da Casa Civil, o senador licenciado Ciro Nogueira (PP-PI) desancando o ex-presidente Lula da Silva, que havia criticado o Congresso Nacional e o presidente da Câmara dos Deputados, o quase apóstolo Arthur Lira (PP-AL). Convenhamos que Lula não é nenhum bedel para avaliar o Congresso como um dos mais “deformados” da história. Ele também ainda não foi canonizado pelo Supremo Tribunal Federal para se achar o mais purificado dos santos.

Entretanto, independentemente de sua história não agradar a gregos e a troianos, a Constituição lhe dá (e a todos nós) o amplo direito de manifestação. Posso até discordar em parte das críticas do candidato petista, principalmente porque esse “deformado” Congresso é formado por dezenas de filiados e ex-filiados do PT, entre outros parlamentares de partidos alinhados com o petismo. O que realmente chamou minha atenção e a de todo brasileiro que acompanha o dia a dia da política foi a cara de pau do ministro. Logicamente que ele tinha de reagir, mas foi demais perguntar se Lula havia esquecido do Mensalão.

Claro que não esqueceu, assim como deve ter se lembrado da participação de vários deputados do partido do ministro quase santo no esquemão de pilhagem dos cofres públicos. Só para citar alguns, José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio de Carvalho Genu, além dos “parças”, Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Bispo Rodrigues, Romeu de Queiroz e Emerson Palmieri, são réus no processo. Para não ser injusto com os citados, o santinho do pau oco é investigado na Lava Jato. Talvez pelas orações que tenha feito contra mais essa roubalheira. Pior de tudo é a velha história do sujo querer passar sermão no enlameado. São todos farinha do mesmo saco. Voltando à formalização de minha torcida por Lula, essa possibilidade tem um única razão.

O Brasil e o mundo sabem que Ciro Nogueira, Arthur Lira e seus apaniguados se transformam em zumbis quando distantes dos cofres oficiais. O que acontecerá se o ex-padrinho voltar? Parece história da carochinha, mas as perguntas que não querem calar são as seguintes: E se Luiz Inácio, ex-amigo e novo inimigo de ambos, ganhar? O que eles farão? Pegam Bolsonaro pelo braço e seguem a pé para a Rússia, sem escala na Ucrânia? Partem para Roma e buscam a vaga de coroinha do papa Francisco ou, juntos, vão comer frango com farofa em uma das praças fedidas da periferia de Brasília? É esperar para ver. O futuro está logo ali.

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