Dia 25
Sarau-Vá celebra mulher afro-latinoamericana, caribenha e da diáspora
Publicado
emNesta segunda-feira, 25, a partir das 19h30, na praça da Bíblia, o Sarau-Vá terá sua quarta edição do ano em um momento especialíssimo do calendário: o dia da Mulher Afro-latinoamericana, Afro-caribenha e da Diáspora. A programação, cuidadosamente pensada para celebrar essa data mais que necessária, contará apenas com mulheres à sua frente. Como mestra de cerimônias, Kashu; como poeta convidada AyooLa; e, nas pick ups, DJ Donna. A iniciativa de promoção da união da arte poética com a luta contra a discriminação conta com o fundamental fomento do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC).
As ruas da maior RA do Distrito Federal seguiram plenas de verso, música e ações sociais, já que a programação do Sarau-Vá não pára por aí. As duas próximas edições acontecem nos dias 8 e 22 de agosto, mantendo sempre a tríade formada por mestre de cerimônia, poeta e DJ, com espaço para poetas da comunidade.
Segundo Guilherme Azevêdo, um dos organizadores, celebrar datas como esta é parte da missão do Sarau-Vá: “como sempre difundimos, nos microfones do sarau, sagrado e profano encontram-se para democratizar os espaços de fala. Então, produzir essa festa em uma data que trata justamente sobre lugares de fala, espaços sociais, reconhecimento, entre outros pontos políticos importantes, é mais que uma satisfação, é quase uma obrigação prestar essa reverência. Espero que sigamos abrindo caminhos para as realidades de todas as quebradas, onde habitam essas vozes, essas mulheres potentes”.
Para Kashu, encontros como este são potentes e deveriam tornar-se cada vez mais frequentes: “o Sarau-Vá mistura a complexidade da poesia escrita com a música e a luta anti-fascista. Então, dentro do contexto urbano da periferia de Brasília, esse é um lugar de empoderamento importante para mulheres negras artistas como nós. É mais um dos lugares de segurança em que podemos manifestar nossos interesses, frustrações, políticas, artes, enfim, o que nos dá na cabeça. Vida longa a essa preciosidade. E que haja mais saraus como esse, que já é tradição no calendário candango”.
Frente feminina
O trio que conduz o sarau é formado por importantes personalidades das quebradas candangas. Jaynah Crhistine da S. Sousa, artisticamente conhecida como Ayoola, é compositora, cantora, poeta, produtora cultural e slammer. Em 2013, pelas participações no Sarau-Vá, passou a compor o cenário cultural da sua cidade, Ceilândia-DF. Já em 2015, começou a participar de campeonatos de poesia, conhecidos como slams. Integra o coletivo de mulheres negras, Casa Dandara, onde começou a produzir eventos culturais com foco no protagonismo de mulheres negras, LGBTQIA+ e na valorização de artistas e ativistas locais.
Kashuu, da Lâmina Produções, é DJ e atua com vertentes musicais, desde 2017, animando os bailes com batidas e referências que vão da Black Music, passando pelo Trap, pelo Bass Line, pelo Funk e pelo Afrohouse. Também trabalha com produções originárias do jazz, do blues e o boom bap, buscando transmitir para a pista mensagens de empoderamento feminino e a busca por respeito à cultura e à música negra. Com sua performance versátil já marcou presença em grandes festas e festivais, como Elemento em Movimento, Makossa Baile Black, Sound Preto, Mama África. Esteve também fora do Brasil, marcando presença, em Buenos Aires e La Plata, na Argentina. Produtora cultural e ativista das causas negras e LGBTQIA+, preside a Associação Coletivo Reflexo das Ruas e integra o grupo Dimensão Negra.
Dj Donna é ganhadora do Prêmio Women ‘s Music Event Awards 2018, na categoria de Melhor DJ. Trata-se do primeiro Festival com premiação para mulheres voltado para música no Brasil. Inspirada na música negra do mundo, destaca-se por sua pesquisa aprofundada nas raízes da música negra e sua diáspora pelo mundo. Com 21 anos de discotecagem, é a primeira DJ mulher a ganhar notoriedade em Brasília. É ainda idealizadora do Festival Conexões Urbanas Impressões Femininas na Cultura de Rua, o qual foi realizado no Âmbito do AME (Atlantic Music Expo), em Cabo Verde, e teve sua segunda edição, em 2020, no formato virtual.
“Pensando nessa data tão cara a todas nós, montei um set especial composto por mulheres pretas, passando pela MPB, Dancehall e Rap. A ideia é dar destaque às nossas, trazendo, sempre que possível, alguma delas aos holofotes”, comenta a premiada DJ que promete agitar as pistas de baile do Sarau.