Noruega atropela sanções e importa mais da Rússia

Apesar das sanções econômicas em curso impostas pelo Ocidente contra Moscou por sua operação especial na Ucrânia, as importações norueguesas de ração de salmão e frutos do mar da Rússia quase dobraram desde o ano passado.

Embora as sanções proíbam “comprar, importar ou transferir direta ou indiretamente bens que gerem renda significativa para a Rússia”, o valor das importações de ração totalizou 31 milhões de dólares somente em junho, informou o jornal Aftenposten. Isso é quase o dobro do valor do ano passado, destacou a Statistics Norway.

“Rações para peixes e matérias-primas para alimentação de peixes representam uma parte significativa do valor geral de importação em junho”, disse a líder da seção de Estatísticas da Noruega, Therese Vestre, ao jornal.

O governo norueguês explicou que isso é resultado de uma abordagem consciente. “O governo prioriza os interesses econômicos noruegueses e que devemos ganhar o máximo de dinheiro possível, em vez de ser tão duros nas sanções contra a Rússia quanto a UE e a maioria dos principais países europeus”, explicou Alfred Bjørlo, porta-voz do Partido Liberal.

Os números gerais de junho, no entanto, indicam que as importações da Rússia caíram. Porém, no total, a Noruega comprou cerca de 100 milhões de dólares em mercadorias da Rússia no mês passado.

O valor dos bens exportados da Noruega para a Rússia totalizou 64 milhões de dólares no segundo trimestre de 2022, marcando uma queda de 37% em relação ao mesmo período do ano passado.

Peixes e frutos do mar, frescos, resfriados e defumados, estão entre as principais exportações da Noruega, perdendo apenas para os produtos de petróleo e gás. Em 2021, a Noruega exportou 1,4 milhão de toneladas métricas de peixes da aquicultura no valor de US$ 8,6 bilhões, um aumento de 16% em valor em comparação com 2020. As espécies mais valiosas são o salmão e o bacalhau.

Desde que Moscou reconheceu a independência das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e lançou uma operação militar especial na Ucrânia para proteger a população de Donbass, o Ocidente impôs vários pacotes de sanções contra a Rússia, visando, entre outros, tecnologia de ponta, maquinário e equipamentos de transporte, bens de dupla utilização e bens de luxo, bem como bancos e finanças. Desde então, várias empresas ocidentais deixaram o mercado russo ou romperam relações com o país, um movimento apresentado como solidariedade à Ucrânia.

No entanto, apesar da enorme pressão das sanções e dos apelos dos EUA para isolar a Rússia e livrá-la de rendimentos, esta política não foi totalmente bem sucedida, pois mesmo numerosos membros do mundo ocidental continuam a fazer negócios com a Rússia, colocando os seus próprios interesses económicos acima da ideologia.