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Mudança de hábito

Bolsonaro precisa admitir ignorância e falar a verdade

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Antônio Cruz

Dia desses escrevi sobre a mudança de hábito do eleitorado brasileiro nessas duas últimas décadas, principalmente nesta. Disse e repito que, pelo menos para meu feeling político, está bastante nítido que o povo de 2022 não será igual ao de 2018. Com certeza, é muito melhor do que o de 2014, 2010, 2006 e 2002. Talvez esse novo espírito ainda não tenha alcançado os 156 milhões de eleitores, mas, com certeza, chegou bem perto de boa parte deles. Parece muito claro que as pessoas não se vendem mais por porcaria do tipo dentadura, óculos, cesta básica, bengalas ou bugigangas variadas. A prova mais clara desta afirmação é que o pacotaço de bondades do governo federal até agora não foi suficiente para que a campanha de Jair Messias decolasse.

Ainda faltam pouco mais de 20 dias para o primeiro turno. Entretanto, os números indicam que expressiva parcela dos votantes já escolheu seus candidatos. E Bolsonaro não está incluído na lista dessa maioria. É a certeza de que o eleitorado resolveu dar uma resposta aos políticos enganadores, principalmente a Edson Arantes do Nascimento, o nosso Pelé, acusado por muitos de maluco quando dizia que o brasileiro não sabia votar. Tenho o máximo respeito pelos meus compatriotas, mas, pelo menos no período em que a frase foi cunhada, o rei do futebol estava coberto de razão. Mãe de todas as perversidades humanas, a ignorância ultrapassa o limite do permitido. Para ilustrar, ser ignorante não significa apenas ignorar algo que não se conhece ou não se compreende.

Ao negar, por exemplo, a pandemia de Covid-19, o bolsonarismo até tentou transformar todos os brasileiros em seres estultos. Para sorte do país, a estultice ficou limitada aos fanáticos. Para o bem da nação, milhares deles estão incluídos no terrível quantitativo de mortos pela doença. Infelizmente, já são quase 700 mil vítimas do vírus. A esses convém lembrar que a ignorância faz bem ao ego do ignorante, que acredita ser mais inteligente do que todo mundo. Em outras palavras, às vezes o apedantismo é tão grande que a pessoa ignora que nada sabe e pensa que tudo sabe. São os fanáticos por um candidato que finge que governa e eles (os fanatizados) fingem que acreditam. O fato é que, ao que parece, essa fase ficou no passado.

No conceito do sábio erudito Sócrates, o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro passo para a busca das verdades. O próprio filósofo reconheceu a sua ao afirmar que “Só sei que nada sei”. Como ser em permanente evolução, normalmente deixo meu obscurantismo escorrer pelos dedos das mãos. A vida é finita, jamais um ensaio. Por isso, mesmo reconhecendo o valor pessoal de determinados cidadãos ou cidadãs, vale lembrá-los que o eleitor de ontem não é o mesmo de hoje e certamente não será o de amanhã. O voto realmente virou uma arma contra a desinformação.

Parafraseando a desesperança da ex-global Regina Duarte, minha eterna Viúva Porcina de Roque Santeiro, mais difícil do que ter medo é vencer o medo. Me arrisco a dizer que prefiro a realidade serena às expectativas destemperadas que podem continuar caso aceitemos a máxima de Regina Duarte sobre esperança. E ninguém mais competente para falar contra a esperança do que ela, que experimentou uma das maiores desgraças de sua vida justamente onde ou em quem via esperança. Largou a segurança da Globo Lixo para cerrar fileiras no Vale Tudo do governo de Bolsonaro. Sem Sete Vidas, depois de apenas um mês de luxo como Rainha da Sucata, voltou às Páginas da Vida.

Sentiu de perto o Sétimo Sentido do Pecado Capital e até hoje não conseguiu apagar a imagem de Anjo Marcado. Foi uma Grande Viagem que acabou. No ostracismo, atualmente não passa do Retrato de Mulher. Da minha Doce Namorada, restou uma Deusa Vencida no Fogo sobre Terra. Como é Tempo de Amar, sugiro que a ex-namoradinha do Brasil reflita melhor e perceba que realmente os tempos são outros. Talvez ela novamente tenha oportunidade de perceber que os números indicam que, mais uma vez, o encanto vencerá o medo.

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