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Balas perdidas

Brasil da fome e desemprego precisa de paz, não de armas

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque/Via Pátria Latina - Foto  Tomaz Silva

Qual nossa pretensão como sociedade? Essa a pergunta-chave a nos preocupar nesse momento. O Brasil é sacudido por essa indagação. As urnas deverão responder no dia 30 deste mês de outubro de 2022. É uma pergunta simples, quase ingênua. Essencial, não obstante. Especialmente quando o ódio é elevado à categoria de valor.

Quando armas viram símbolos de convivência. E de fetiche da liberdade de expressão. Nessa ideologia, celebra-se uma metralhadora em oposição a um livro. E o ódio, a intolerância é levado às crianças, ensinado a elas. Crianças com metralhadora nas mãos. Que sociedade queremos nós? A sociedade das chacinas?

A das balas perdidas, assim chamadas como se fossem, a matar crianças, mulheres, jovens inocentes? Ou queremos uma sociedade de paz? Uma sociedade da boa convivência? Uma sociedade do diálogo?

Há quem diga ser impossível uma sociedade civilizada, plena de diálogo, de paz, quando impera tanta miséria, tanta desigualdade. Não deixa de ter razão. Mas até para enfrentar a miséria e a desigualdade é necessário voltar a vivermos como cidadãos, cidadãs numa sociedade civilizada, onde não tenhamos medo de andar de noite nas ruas, não tenhamos medo de nossos vizinhos, onde as escolas estimulem o companheirismo, a amizade, a fraternidade.

Para enfrentar a desigualdade, impõe-se uma sociedade democrática, de paz. Os ideólogos do ódio, aqui e em outras partes do mundo, partem de modelos. Um dos quais, inegavelmente, os EUA. Naquele país, uma das manifestações de liberdade é o uso da arma. Com tal modelo, a chamada liberdade individual coloca-se acima da sociedade. E lamentavelmente tal ideologia ganha as ruas, e as tragédias se sucedem, devastadoras, atingindo a população, não raramente jovens inocentes nas escolas.

Sangue derramado em razão da supremacia do individual sobre o coletivo. A sociedade é colocada em segundo plano em razão do direito individual. Os EUA, desde a origem, preferiram o privilégio do indivíduo, a qualquer custo. As armas, erigidas como condição, símbolos da liberdade, “ainda que essa liberdade signifique a aniquilação da vida do outro”, como afirma Luiz Gonzaga Belluzzo, no artigo “Violência americana”, como temos visto no Brasil, sobretudo de 2019 em diante.

É lamentável observar o quanto vemos esse pensamento se disseminar no Brasil. Sabemos: armas, cuja expansão desmesurada aconteceu recentemente, não vão para as mãos do povo, como se alardeia. Servem ao crescimento das milícias e do crime organizado. Disso nasce uma sociedade encurralada, cheia de medo.

Não, decididamente não defendemos armas nas mãos do povo. E muito menos nas mãos das milícias e do crime organizado. Armas não são, não podem ser, sinônimo de liberdade. São o anúncio da morte. Da instituição de uma sociedade do medo. Fim do diálogo. Da sociedade civilizada.

Armas, enquanto existirem, devem ser exclusividade do Estado submetido a rigoroso controle, só utilizável em situações absolutamente extremas. Se quisermos uma sociedade onde a renda seja corretamente distribuída, onde aconteçam políticas públicas voltadas aos mais pobres, precisamos de paz, de diálogo. Não de armas.

Para iniciar um novo tempo, ou não, precisamos responder à cruciante questão: Que sociedade queremos? O povo brasileira deverá respondê-la. Seguramente, não desejará a sociedade de uns poucos poderosamente armados. Preferirá a paz, o diálogo. Livros à mão cheia. Educação. A sociedade primeiro. A garantir os direitos do indivíduo.

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