Patriotas aloprados
Golpistas bolsonaristas recuam com rabo entre as pernas
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emA pergunta que não quer calar é simples: o que vem a ser o bolsonarismo? Não é uma forma normal de fazer política. Então, seria uma nova célula terrorista no Brasil? Um agrupamento familiar que tomou gosto pelo poder? Ou uma invenção da elite para se manter na crista da onda e das benesses por meio da força e da intimidação? Não deve ser a união das três coisas, pois, além de conflituosas, elas levariam à perda de controle dos chefes supremos, consequentemente gerando brigas capazes de levar o país à venezuelização dos sonhos de Jair Messias, embora ele diga que a proposta seja de Luiz Inácio. E isso ocorreria se o desfecho eleitoral tivesse sido outro. Aí, certamente venezuelaríamos de forma ainda mais desesperadora do que a obra iniciada pelo coronel Hugo Chávez e perpetuada por Nicolás Maduro. Quem quer viver isso que vá para lá.
Apesar de a famiglia Bolsonaro ter múltiplos e reiterados orgasmos com essa possibilidade, ela inexiste, assim como não há hipótese de golpe. Os poderosos querem continuar mandando, mas sabem que o Brasil da forma como eles desenham não se sustenta. Nenhum dos que sugerem o golpismo tem peito para enfrentar ou propor uma eventualíssima guerra civil. São terroristas no modo covarde, daqueles que só botam a cara para incitar. O que seria deles – e de nós – caso as potências econômicas mundiais se insurgissem contra nosotros e parassem de sustentar programas vitais? Seria o fim, pois são programas dos quais até a elite caninamente se beneficia às escondidas. Ou não?
Para ficar no continente sul-americano, ao contrário dos venezuelanos, não temos petróleo suficiente. Ao contrário dos argentinos, não temos Messi, força, união e nem coragem para aguentar adversidades. Por definição, somos cagões. Jogamos pedras nos inimigos e na Polícia por trás dos muros, mas não temos aquilo roxo para enfrentá-los, como fazem Los Hermanos. Fugimos correndo como meninos medrosos ao primeiro sinal de reação. Aposto e dobro como a maioria esmagadora dos boçais que se mantêm nas ruas pregando intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso não imagina o que seja uma ditadura. Nunca viveram sob o jugo e o comando de sargentos, tenentes e capitães. Obviamente mais aculturados, os coronéis e generais sempre foram mais simpáticos e cordatos. Alguns, é claro.
Se querem guerra, requeiram cidadania russa, líbia, ucraniana ou síria. Melhor, comprem uma passagem só de ida e façam um tour pela Faixa de Gaza. Se querem saber, Bolsonaro e filhos já se convenceram de que não têm a força que imaginavam ter. Na verdade, jamais tiveram. Deus não dá asas a cobras. Portanto, parem de endeusar o Capetão. Só besta para achar que a cúpula das Forças Armadas iria bancar um tenente expulso do Exército em uma louca e absurda aventura. Acredito que nem os loucos acham normal um bando de aloprados querer derrubar na força um governante democraticamente eleito. Provavelmente pensem assim os tarados que atingem ereção rapidamente quando vem à cabeça uma nova ideia para dilapidar a pátria. São esses os nossos patriotas.
As elites, tristes, enfadonhas e medíocres, não aceitam no poder quem não podem comandar. Por isso, apostam no caos e na desinformação como saídas desesperadoras. A qualquer custo, querem evitar a compra de um camarote para novamente assistir seus serviçais, incluindo as domésticas, pedreiros, bombeiros hidráulicos, marceneiros e encanadores, entre outros, comendo carne, frango, parcimoniosamente frequentando restaurantes da moda, comprando roupas de grife e fazendo turismo na Disney. Que o diga Paulo Guedes, o investidor que brincou de ministro da Economia durante a gestão de Jair Messias. O maior incômodo dos poderosos é a alegria alheia. Eles não a têm e não admitem que ninguém fora do círculo tenha. Vem daí a aversão a Lula da Silva e seus seguidores.
Curiosa, desonrosa e lamentavelmente, são as mesmas pessoas que idolatram vermes do tipo Adolf Hitler, Benito Mussolini, Donald Trump, Vladimir Putin e pastores deitões. Não têm orgulho e nem amor próprios. Se vestem de marias que seguem as outras, independentemente do rumo que elas irão tomar. O Brasil, graças a Deus, não convive com abalos sísmicos, tsunamis, terremotos, vulcões, maremotos ou fenômenos naturais do gênero. Também não abriga comunistas. Aliás, comunismo hoje só na China capitalista. Entretanto, expressiva parcela do povo posto aqui é de dar dó. Torço para que todos os vândalos e criminosos da última segunda-feira (12) sejam identificados, presos e responsabilizados. Quanto a Bolsonaro, o risco de não assumir o papel de líder da oposição é grande. Afinal, nem todos os radicais apostam na porralouquice como forma de governo. Talvez seja exagero afirmar que o bolsonarismo já está no fim. Todavia, acoitar golpistas em área militar, pode ser o início do fim.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978