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Soldado raso

Governo da tragicomédia do tenente Quaresma chega ao fim

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto de Arquivo

Além do Natal, o último com Jair Messias no calcanhar, estou vivendo esta semana como se fosse a derradeira do ano. E é. Com todo respeito aos fanáticos que não conseguem dormir desde 30 de outubro, capotei, sonhei e acordei nesta quarta-feira (28) imaginando que ela seria a última sob o (des)governo de Bolsonaro. Também é. Ufa!! Foi longa, mas valeu a espera. Aliás, mesmo que tudo esteja errado, continue fazendo o certo. A obediência à consciência não falha. Por exemplo, para os bons, 2022 está acabando como começou: com a certeza de que teríamos um 2023 bem melhor, mais unido, sem ódio e, principalmente, com a democracia vicejando. Contra tudo e contra todos, Luiz Inácio voltou, venceu e vai governar um Brasil esculhambado, abandonado, isolado e humilhado internacionalmente.

É o resultado do saber político-administrativo de um mito criado nas entranhas de uma elite poderosa, mas mal amada, mal resolvida e mal ajambrada. Sem medo de errar, diria que Jair Bolsonaro e sua passagem pelo Palácio do Planalto seria cômico não tivesse sido trágico. Imaginem um segundo mandato. O buraco seria pequeno demais para todos os brasileiros do bem, da paz e do amor. Os demais certamente permaneceriam acampados entre o inferno de Dante e o céu dos evangélicos, no qual ninguém entre sem pagar. Da comicidade à tragédia, restou a certeza de que, em cinco dias, o calvário de boa parte da sociedade tupiniquim estará terminado. Melhor do que isso, Jair vai sumir na poeira do Cerrado e poderá ser mais facilmente punido pelos descalabros e pelo estímulo ao ódio e ao terror.

Sem o foro privilegiado de presidente voltará a ser soldado raso. Como cidadão pra lá de comum, finalmente deverá ser responsabilizado pelas perversidades cometidas, entre elas o negacionismo, o genocídio, o desprezo à fome e a criação de uma seita violenta e com sede de poder. Depois de muitas preces e pedidos a Deus acima de tudo, o Ano Novo começará com uma nova ideia de comando, uma nova proposta de governo. Sob nova direção, ficaremos mais próximos da alegria e mais distantes dos bitolados, bajuladores e broncos. Como disse o amigo de um amigo, a torcida dos eleitores que optaram pela perenidade da democracia é pelo fim da “sub-subespécie Patriotarium bolsoloidae”, também conhecida por “Homo quartelis”.

É uma resposta das mais singelas à demonização sofrida durante quatro anos pelos simpatizantes da família molusca dos cefalópodes, cujo ser mais evoluído atende pela auspiciosa alcunha de Lula, a lenda que, com uma única linguada, engoliu o mito do fast food de beira de esquina. Quem não se lembra do tenente comendo pé de galinha com farofa em uma feira livre de Brasília? Foi pouco, mas lembro bem que ele se engasgou com a farinha grossa, escorregou na maionese golpista, perdeu a eleição, a boquinha, a língua, uma ruma de aliados e corre o sério risco de acabar como o major (Policarpo) Quaresma, um patriota exagerado que foi vencido pelas formigas saúvas. É claro que, na narrativa, saúva é apenas uma acepção mais agradável para suavizar o peso conotador de outra(s) palavra (s).

Em resumo é um eufemismo da hipérbole Xandão, o formigão. A lei foi criada e está aí para ser cumprida. Pelo menos é o que esperamos. Sempre soube que as pessoas moralistas normalmente são as de comportamento mais pervertido. Para estas, somente as barras dos tribunais ou……Xandão é quem dirá. A nós, sem lamento algum, resta registrar dois ditados tão populares como malignos: quem procura acha e aqui se faz, aqui se paga. Para os bolsoloides sarnentus, inclusive o próprio, a partir de 1º. de janeiro o inferno será aqui mesmo.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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