Cala a boca, 03
Lulista não precisa se embandeirar para ser brasileiro
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emMesmo de binóculos com lente aumentada, isto é, sem a necessidade de estar in loco, acompanho diariamente o Congresso e os congressistas. Já em seu segundo mandato consecutivo, procurei – e não encontrei – mais de um projeto apresentado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Também não vi ou ouvi um único discurso que não fosse para defender, bajular ou tentar alavancar a então candidatura do pai, que sibilou, sibilou, mas não conseguiu eclodir do ovo da serpente peçonhenta. Foi mito temporário, mas a cobra que se imaginou não passa de uma lagartinha de goiabeira. Voltando ao Dudu, é um aprendiz de feiticeiro que, longe do papi, não tem aparência física e fisionômica, tampouco envergadura de um parlamentar com vontade de trabalhar pelo Brasil, muito menos para a Barra da Tijuca, onde vive desde a ascensão do pai.
Embora eleito com um caminhão trucado de votos, é o Zero 3 à esquerda da família. Incapaz de criar fatos relevantes para a Câmara, para a mídia ou para seus eleitores, só aparece se esgueirando na performance alheia. Foi assim quando adjetivou de “bosta” o discurso do senador eleito Hamilton Moura contra Jair Messias e contra os “patriotas” acampados em frente aos quartéis. Não ficou claro se a “bosta” em questão é uma referência à ação, à reação ou a quem gerou toda a cagada com a qual tivemos de conviver desde 2018. Sem medo de errar, eu diria que a “bostomania” atingiu o finado governo de A a Z. Foi uma “bostolândia”, algo como uma perfeita imundície performática.
Sem perder Zero 3 de vista, fiquei surpreso ao ler que ele publicou uma foto da posse de Luiz Inácio com um mar de bandeiras vermelhas. Até aí, nada de novo. Afinal, uma festa do PT com bandeirolas, bandeirinhas e bandeirões na cor vermelha é óbvia. A surpresa é que Bolsonaro filho criticou a ausência de bandeiras do Brasil no carnaval fora de época da petezada. Meu nobre deputado, procure utilizar suas redes sociais com coisas menos banais, consequentemente mais interessantes. O povo já está cheio das baboseiras da família.
Se a ideia é publicar textos com começo, meio e fim, pesquise o programa de governo de Lula da Silva, cujo conteúdo é de fazer inveja ao (des)programa daquele presidente que talvez passe para a história como o pior que já tivemos. Difícil porque, como no Guinness Book, só merece o tempo de historiadores quem produziu alguma coisa de útil para a nação que comandou ou de relevância para a sociedade que liderou. Aventureiros e falsos profetas normalmente ficam restritos a álbuns de fotografias de integrantes de grupos criados para durar apenas um verão. No máximo, dois verões. Foi o caso da seita denominada “Patriotiuns bolsolóides”.
Acabou antes mesmo que os conselhos fiscal e consultivo pedissem a cabeça do limitado síndico, que administrava o prédio por meio de lives ou de reuniões convocadas para o escritório montado no cercadinho do parquinho infantil. Voltando a Eduardo Bolsonaro, vale lembrá-lo que é redundância falar do vermelho em convescote comandado, protagonizado ou em homenagem a Luiz Inácio. Além de externa, a solenidade era específica. Ou seja, tratava-se da posse de um líder popular. Acho que este foi o incômodo do deputado. Na posse do popularesco, oportunista e “mitológico” pai, o povo não participou. Está aí a diferença.
Deliberadamente, o deputado não viu, mas a Bandeira do Brasil estava içada onde deveria: nos mastros do Palácio do Planalto e na Praça dos Três Poderes. Ademais, havia a desnecessidade do verde e do amarelo. A ocasião e o local exigiam o vermelho. E ponto. O melhor de tudo é que os petistas, simpatizantes e eleitores de primeira e última hora de Luiz Inácio não precisam se enroscar no Pavilhão Nacional para se sentirem mais ou menos brasileiros do que os fantasminhas que sumiram após o Brasil voltar à normalidade. Além do quê, os Dragões da Independência vestem vermelho.