Nero e Pôncio Pilatos
Descaso de “cabo” e “soldado” facilitou barbárie em Brasília
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emO resultado da vergonhosa e fracassada tentativa de golpe do último domingo, 8, levará tempo para ser esquecido. Muito mais demorada de ser digerida será a barbárie perpetrada pelos terroristas ensinados, treinados, diplomados e comandados pela besta fera. Faz parte de qualquer jogo político ou de futebol criticar atletas, apupar treinadores e até desqualificar a mãe do árbitro ou de parlamentares com objetivos escusos. O que não se permite – e jamais se permitirá – é pular alambrados para quebrar arquibancadas ou bens públicos centenários. Foi o que se viu em Brasília com a barbárie financiada, criminosa e fascistamente, pelos boçais, hipócritas e terrivelmente idiotas vinculados ao agronegócio.
Para sorte desses imbecis que trabalham para inviabilizar o Brasil, não houve cadáver na cópia mambembe de invasão do Capitólio brasileiro. Destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal, mas, graças à solidez de nossas instituições e ao conceito ordeiro da maioria esmagadora da população, a minoria formada por bandidos que agem em nome do bolsonarismo não conseguiu contaminar a democracia, bem maior e inquestionável do povo brasileiro. Os mandantes são bandidos, delinquentes, criminosos, terroristas e, como tais, se escondem covardemente nas sombras. Sorrateira e antidemocraticamente, eles atuam por meio de “laranjas” escolhidos entre aqueles que nada têm a perder ou muito pouco a ganhar.
De concreto, a barbárie de domingo não pode ser avaliada apenas pela quebradeira ou pelo vandalismo dos boquirrotos terroristas da seita criada pelo aventureiro que, sabe-se lá por quê, estava sentado na cadeira de presidente, a partir da qual arruinou o país. Sem qualquer margem de erro, o que ocorreu foi uma tentativa de golpe gerenciada de longe por quem não consegue ser gestor da própria família. Por essa e outras razões, o fracasso foi retumbante e a futura “limpa” deverá ser geral, inclusive com a possibilidade de prisão de pseudos mandatários e de fanáticos abonados e que se acham superiores aos demais brasileiros, principalmente àqueles que se livraram da inoculação do veneno mortal da cobra mitológica.
É o legado do ex-presidente Jair Messias, que passou três anos, 11 meses e 29 dias do mandato estimulando o ódio, incitando a violência, propagando o preconceito, gerando divisões entre a sociedade e quase exigindo a invasão de prédios públicos. Nada mais do que isso. Então, nada mais natural do que ele ser o primeiro acusado da invasão que barbarizou o coração da República. Além de uma agressão à democracia e à sociedade brasileira, os atos de banditismo foram mais uma vergonha que os súditos do bolsonarismo proporcionaram ao Brasil e ao mundo. De abstrato, foi cumprida a profética, lunática e demoníaca sugestão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
No início da (indi)gestão do pai, o filho Zero 3 disse, em alto e bom som, que bastava um cabo e um soldado para invadir o Supremo Tribunal. O papel de cabo parece ter sido desempenhado pelo governador afastado Ibaneis Rocha. O de soldado obviamente coube ao ex-ministro Anderson Torres, o executor de ordens sujas de Jair Messias. Eles podem não ter colaborado, mas a inação de ambos facilitou a barbárie. Em tese, os selvagens fantasiados de patriotas atingiram o objetivo. Pela primeira vez na história republicana, animais tiveram a coragem de invadir e vandalizar a sede dos Três Poderes. Digo em tese, porque os seguidores fanáticos do capataz jamais conseguirão calar a voz dos que não querem a volta da ditadura.
Com certeza, a democracia não vai se dobrar à sanha da minoria de imbecis e da maioria dos idiotas do agronegócio. Da mesma forma, o presidente Luiz Inácio da Silva não baixará a cabeça. Pelo contrário, desde a posse tem mostrado quem manda. Com todo respeito a meus 17 leitores, inveja realmente é uma merda. Aceitem o terceiro mandato de quem, apesar de erros pontuais, construiu uma nação sem tragédias sociais e, principalmente, sem crises externas. Aos invejosos e covardes, o máximo rigor das leis. Aos terroristas, as barras das celas. O lamentável episódio de domingo deixou evidente tudo que sempre alertamos. A minoria radical dos bolsonaristas deve ser tratada como terroristas e bandidos. É isso que eles são. E é assim que devem ser chamados.