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Alcateia acuada

Celina pode ser Próxima Vítima da sucessão de Pátria Minha

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João Moura*, Especial para Notibras - Foto Valter Campanato

O dia 8 de janeiro de 2023 vai ficar na história mundial como o dia em que terroristas bolsonaristas atacaram os 3 Poderes da República do Brasil e promoveram uma criminosa depredação e atos escatológicos nas sedes das instituições públicas.

As invasões ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, realizadas por bolsonaristas radicais e baderneiros que almejavam um golpe contra um governo legitimamente constituído, tomaram o noticiário no fim de semana e devem continuar sendo prioridade – tanto entre Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto na imprensa brasileira e internacional.

Segundo a Polícia Civil, mais de 1 mil 200 extremistas já foram presos em flagrante e enquadrados no artigo 359-M do Código Penal Brasileiro: de tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, governo legitimamente constituído.

Em ataques sem precedentes na história do Brasil, grupos de apoiadores do Ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram o patrimônio público e até mesmo furtaram objetos pertencentes à União.

Na sequência, no dia seguinte, no QG do Exército, mais 1 mil 200 bolsonaristas acampados tiveram suas barracas removidas e todos foram encaminhados a Polícia Federal para registro e depoimentos.

Esses acampados e outros tantos vândalos que apoiam o ex-presidente fujão Jair Bolsonaro teimam em não reconhecer o resultado das eleições de 2022 e deixaram a área em que estavam acampados e foram à Praça dos Três Poderes, com direito a uma inexplicável escolta policial. Lá, sem nenhum tipo de resistência por parte das forças da PM – então subordinada ao afastado governador Ibneis Rocha (MDB) – começaram a invadir os prédios e a destruir o patrimônio público na região da Praça dos 3 Poderes da República.

Com comparações à invasão do Capitólio, nos EUA, há dois anos, o episódio foi visto como um ataque às instituições e à democracia brasileiras.

Diante dos acontecimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal nas forças de segurança pública do Distrito Federal até o fim de janeiro, a fim de restabelecer a ordem e procurar e punir os responsáveis pelos atos antidemocráticos.

Também, diante dos ataques terroristas aos poderes da República, Alexandre de Moraes, ministro do STF, determinou que Ibaneios deixasse o Palácio do Buriti, com um afastamento, em principio, de 90 dias.

Na decisão liminar, Moraes argumenta que houve omissão e conivência das autoridades de segurança pública, especialmente do próprio governador.

Alexandre de Moraes também determinou que todos os acampamentos montados em frente aos QGs do Exército e quarteis em todo o Brasil sejam desocupados em até 24 horas.

Numa tentativa de salvar sua pele, Ibaneis – em manifestação em suas redes sociais -, anunciou a exoneração do secretario de segurança pública Anderson Torres (ex-ministro da Justiça de Bolsonaro), e pediu desculpas ao presidente Lula pela sua inépcia no trato da questão e sua falta de ação para conter o vandalismo dos bolsonaristas que já haviam programado e chamado nas redes sociais a horda de bandidos para o ato criminoso em Brasília.

O afastamento do governador Ibaneis Rocha é um recado aos políticos omissos. No lugar de Ibaneis, assume temporariamente a vice Celina Leão.

Trata-se de mais uma bolsonarista declarada que acompanhou Michele e Damares no projeto “Mulheres com Bolsonaro” e trabalhou muito pela reeleição daquele que foi um dos piores – se não o pior – ex-presidente do Brasil: leniente, preguiçoso e aliado de terroristas e fã do comandante Ustra.

Com Ibaneis ou Celina, o certo é que, infelizmente, Brasília ainda segue nas mãos de alguém que se alinhou ao fascismo. É bom que a vice-governadora em exercício entenda que o Capitólio não fica em Brasília. Caso contrário, poderá também fazer parte da história com uma mancha fascista no seu currículo político.

Há um paralelo, que pode facilitar a análise: Celina Leão é filiada ao PP, partido do ex-chefe da Casa Civil do ex-presidente Bolsonaro. Ciro Nogueira perdeu a cadeira e o rebolado. Até ai, tudo bem, mas a Leoa é bolsonarista e pode dar continuidade ao seu projeto de “Mulheres com Bolsonaro”, onde cruzou o país junto com Damares Alves, senadora eleita pelo DF, e com a ex-primeira dama Michele.

A turbulência em Brasília ainda pode render trabalho para a Câmara Legislativa do DF: os partidos – PT e PV – que fazem oposição ao Governo Ibaneis encabeçam um pedido de impeachment do afastado governador, que, de acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, passa a ser investigado, junto com Anderson Torres, no inquérito que investiga atos antidemocráticos.

Desde dezembro de 2022, Ibaneis não tem garantido o correto exercício das suas funções constitucionais, que exigem do Governo do Distrito Federal a correta defesa do patrimônio público e da ordem social na capital do país.

Moral da história: bolsonaristas não conhecem o significado de metáforas bíblicas e permanecem no obscurantismo daquilo que os cega: o ódio, a dissimulação e sob o julgo de falsos profetas que se dizem messias. Ou, como nas novelas da Vênus Platinada dos anos 90 do século passado, A Próxima Vítima de uma Pátria Minha que, saiba ela, é de todos.

*João Moura é professor, observador político e pioneiro de Brasília

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