Ciência registra buraco negro engolindo nuvem de gás

Astrônomos assistiram a um show, com direito a cadeira na primeira fila, ao registrarem um objeto misterioso que se acredita ser uma nuvem alongada de poeira de gás que está sendo puxada para um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea.

A nuvem tem uma massa 50 vezes maior que a da Terra. Atualmente, está orbitando o buraco negro supermassivo Sagitário A*, que levará 170 anos para passar, mas é improvável que o X7 complete uma única rotação antes de ser despedaçado.

O X7 mais próximo chegará de Sagitário A* é por volta de 2036, e a nuvem se dissipará logo depois, pois o buraco negro atrai gás e poeira.

“Prevemos que as fortes forças de maré exercidas pelo buraco negro galáctico acabarão por destruir X7 antes mesmo de completar uma órbita”, disse o co-autor e professor de física e astronomia da UCLA, Mark Morris.

Os cientistas acompanham a evolução da nuvem, que se transforma em um fio de gás e poeira, desde 2002. Imagens recentes do objeto indicam que ele é 3 mil vezes maior que a distância da Terra ao Sol. Os astrônomos dizem que o objeto fornece algumas informações sobre a física de condições extremas perto do centro da galáxia.

X7 exibe algumas das propriedades observadas em outros objetos empoeirados que orbitam Sagitário A* – esses chamados ‘objetos G’ parecem nuvens de gás, mas se comportam como estrelas. X7 orbita a até 784 quilômetros por segundo – a massa extremamente alta de um buraco negro significa que tudo em sua vizinhança está viajando muito mais rápido do que em qualquer outro lugar da nossa galáxia.

“É um privilégio poder estudar o ambiente extremo no centro de nossa galáxia”, afirmou o co-autor e líder de operações científicas do Observatório Keck, Randy Campbell.

A origem da nuvem permanece um mistério para os cientistas, mas eles já têm uma hipótese: ela pode ter surgido da fusão de duas estrelas . Normalmente, nesse processo, a estrela absorvida acaba em um envelope de poeira de gás, que se encaixa na descrição de objetos G, e o gás ejetado produz objetos como X7.

“Ela começou em forma de cometa e as pessoas pensaram que talvez ela tivesse essa forma de ventos estelares ou jatos de partículas do buraco negro. Mas, ao segui-la por 20 anos, vimos que ela se tornou mais alongada. Algo deve ter colocado essa nuvem em seu lugar”, explica a pesquisadora assistente da UCLA Anna Ciurlo.