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Hakuna Matata

Bolsonaro vira Hardy, a hiena, e fala sobre joias como Pinóquio

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Mathuzalém Júnior* - Foto Lula Marques

Pela enésima vez em uma semana quebro a promessa de não falar mais sobre Jair Messias. Oh céus! Oh dia! Oh vida! Oh azar. Isso não vai dar certo! O bordão é da hiena Hardy, companheira do leão Lippy no clássico desenho de Hanna-Barbera. Por minha conta e risco, acrescentei Oh Deus! Até quando terei de aturá-lo? Fazendo uso de outras célebres frases do desenho animado, decidi trocar as letras e hoje eu vou taçar coelho fujão. Como a saída é pela esquerda, alerto a todos os meus 17 leitores que o Capitão Cavernaaaaaaa evaporou-se. E com ele boa parte dos problemas. Ao infinito e além! Isso é viver, é aprender… Hakuna Matata! Não contavam com minha astúcia. Pelos poderes de Greyskull, eu tenho a força! Yabba Dabba Doo, encontrei um jeito de falar do Chapolin sem preocupação com o emir do Cerrado. Mas e as joias? À Polícia Federal, Bolsonaro disse que só soube delas um ano após a apreensão. Eita mentira deslavada.

Amplamente divulgados, os fatos mostram que ele nunca as esqueceu. Tanto que tentou reavê-las por diversas vezes. Afinal, trata-se de um tesouro de R$ 16,5 milhões. Macacos me mordam! Pelas barbas do camarão! Como não se lembrou desse importante detalhe? Deixa pra lá. Na dúvida, não esqueçamos de que Dick Vigarista nunca ganhou a Corrida Maluca. E sabem por quê? Porque, em lugar de tentar vencer, ele perdia tempo tentando atrasar a vida dos outros. Cassildis, tudo a ver com o capetão de bravata que nunca soube o que é uma fragata. Sigam-me os bons e voltemos ao nosso triste cotidiano político. Infelizmente, não há como prosseguir com o tema sem referências ao mito que, como já disseram, deve ser devolvido à sua insignificância. Permitam-me um adendo à frase: elementar, mas tardiamente meu caro Watson. Verdade seja dita, antes tarde do que nunca. O dia dele está próximo.

A lei vale para todos e ninguém está acima dela. Os patriotas nutellas, os que ainda não sabem o que é carne de porco na lata, precisam entender que a nau naufragou. Chegou ao fundo do mar no dia em que o capitão (ou seria tenente) voltou e encontrou o Brasil diferente. Seus seguidores armados, desamados e desalmados estavam presos. Alguns claramente arrependidos, outros chamando Xandão de painho e muitos, muitos com a certeza de que o Deus acima de tudo agora está em cima de todos. No dia em que o Brasil não parou, Jair Messias chegou dando tchau para a vidinha de rei do cercadinho. Foi triste, irresistivelmente triste vê-lo voltando para comemorar a marca de 700 mil mortos pela Covid. O lado bom da informação é que ele também morreu. E asfixiado.

Na Alfândega, ficou claro seu fim. Diante da pergunta sobre bens a declarar, a resposta não poderia ser outra: Só males! E agora? Sem o din din do cartão corporativo, como bancar as motociatas pelo país? Como até ficar inelegível ele não entregará os pontos, restarão as camburãociatas. Elas são sem custo. É tudo pago com o dinheiro dos bestas. Simples assim. Quem diria que o desfecho do Jair seria dessa forma. Da Escola Preparatória de Cadetes do Exército à Câmara dos Deputados, passando pelo Palácio do Planalto e pela visita à Flórida e, agora, após ser considerado o pior presidente que o Brasil já teve, o que restou? O ombro oportunista e maquiavélico de Valdemar Costa Neto eem breve, um similar do condomínio sem sol para onde irá seu dileto amigo, mestre e obsessor Donald Trump. Ele merece.

Como explicar, sem criticar, um presidente terrivelmente honesto ter aberto o cofre público para financiar lanches e refeições para agradar militares e policiais durante a campanha? E não foi um gasto qualquer. De acordo com a agência Fiquem Sabendo, foram 21.447 kits-lanche e outras 5.075 refeições, num valor total de R$ 754 mil. Se chegar ao banco dos réus, como Trump, Jair Messias finalmente se dará conta de que, além de efêmero, o sucesso não é nada se não pudermos mais pelos outros. Espero em Deus que ele não corra o mesmo risco de Luiz Inácio, que foi julgado e condenado pela parcialidade de um juiz parceiro do ódio. Entre as voltas do mundo, Jair e sua trupe se reencontraram mais rápido do que imaginaram com um gordinho destemido, inteligente, coerente e positivamente chato.

Atual ministro da Justiça, o senador licenciado Flávio Dino chegou antes à curva onde já está de plantão o xerife Xandão, o careca que faz o mito tremer nas bases. Dino não é a mamãe. Pelo contrário. É o carrasco e chefe supremo da Polícia Federal, local visitado por Jair na quarta-feira (5) na condição de acusado de surrupiar presentes do Estado. Sobre Alexandre de Moraes, ele tem dormido sobre uma montanha de provas contra o cidadão que se utilizou do título de presidente da República e da máquina do governo para desacreditar o processo eleitoral e tentar ganhar uma eleição que estava perdida desde 1º de janeiro de 2019. De resto, parece que Jair ainda quer o Brasil, mas o Brasil não o quer mais. Como dizia Sherlock Holmes, não há nada mais ilusório do que um fato óbvio. Meu caro Watson, todos temos um fantasma do passado. E eles são as sombras que definem os nossos dias de sol. Aqui na selva chamada Brasil, hoje quem dorme é o leão. Hakuna Matata!

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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