Curta nossa página


Metáforas oficiais

Milagre das mentiras quase levou o país para o buraco

Publicado

Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom

Sem querer querendo, o presidente Luiz Inácio tornou pública mais uma das centenas de mentiras do mameluco ex-presidente, aquele que foi defenestrado pelas urnas eletrônicas sobre as quais inventou uma série de inverdades. Colheu o que plantou. Por conta das intempéries da natureza, tudo indica que a colheita ainda será farta. Fartará argumentos capazes de convencer até mesmo o mais convencido dos homens que se vestem de toga para fazer a diferença na vida dos que se acham diferentes. A intenção óbvia é sentar a pua, que, no linguajar civil, quer dizer pau no lombo. Enfim, tantas fez, tanto mentiu, tanto galhofou do povo que agora so lhe resta o ajuste final. Não sei de onde, mas, de relógio enrolex, cordão de ouro da Feira do Paraguai e diploma de tenente do Exército, ele deverá assistir ao desfecho do ajuste fiscal que sequer tentou.

De caneta esferográfica recebida de presente do amarelão Donald Trump, preferiu assinar sua demissão logo no primeiro dia de mandato. E as mentiras? Difícil encontrar aquela que foi mais mentirosa para um mandatário eleito com a pecha de terrivelmente honesto. Perdi a conta, mas acredito que a mais cabuloza de todas foi convocar um bando de devotos da patacoada para acabar com a TV Globo, lixo para eles, luxo para outros e sem texto para os que descobriram sozinhos que há vida fora da caixinha repetidora de imbecilidades como as que ele, o mentiroso, pregava. E foram muitas. Antes de tentar enumerá-las, vale registrar que, antes de se enrolar na própria teia, a Globo Lixo o levou para lixeira.

Apesar do nome, ainda sou muito jovem para esquecer as enganações. Pelo contrário. Lembro que os mais sábios – não necessariamente os mais velhos – nunca esconderam que, pior do que mentir, é prometer o que não se pode cumprir. No caso específico, parece que o imaginário dono do mundo nunca quis cumprir nada do que prometeu. Quem não se lembra que, no auge da campanha antipetista, sua (ex)celência jurou acabar com o imperialismo lulista da EBC, da ECT (Correios) e do Serpro. A argumentação é que as três estatais estavam aparelhadas para atender ao esquema “comunista” de Lula. Excluídas do Programa Nacional de Desestatização junto com a Dataprev, Nuclep (Nuclebras), Ceitec (tecnologia avançada) e ABGF (gestora de fundos garantidores), elas permanecerão servindo à população. Ou não? O tempo dirá.

Os Correios continuam dando as cartas. O Serpro e seus cérebros eletrônicos dominam a computação e as folhas de pagamento do governo. Empresa oficial de comunicação, a EBC está sucateada, caindo de madura por causa do verde oliva em que nela se instalou, mas continua de pé. E agora novamente levando à sociedade informações de Estado e não de um governo que só não furou os olhos do povo porque saiu antes de amolar a tesoura. Apenas para registro, ao longo de sua existência, a EBC, que já foi EBN e Radiobras, só serviu a um regime comunista quando o governo do Jair movimentou a empresa para liberar o maior espaço possível para divulgar seu encontro com o ultrademocrata Vladimir Putin, a piton cheia de veneno dos conservadores escudados por um deus que só existe na cabeça oca deles.

Falso moralista, falso presidente e estadista de fachada, mentiu pública e internacionalmente a respeito do desmatamento da Floresta Amazônica e do Pantanal, escamoteou informações relativas aos índios yanomamis e, principalmente, falseou sobre a alegria, paz e união dos brasileiros. Na verdade, mentiu até mesmo sobre sua sombra devoradora de honras. Só não mentiu quando disse que faria do Brasil uma pátria da família e da Igreja Universal. Birrento e, como atleta, fugitivo das peias maternas, fez campanha prometendo uma terrível honestidade e o fim das mamatas. De concreto, conseguiu mal e porcamente inaugurar a fase das metáforas oficiais.

Mentiras viraram fake news, família virou clã, acesso às redes sociais se transformaram em milícias digitais e as mamatas ganharam um novo verbete na Wikipédia: mamação, que pode ser sinônimo de joias das arábias não devolvidas a tempo de evitar um vexame diplomático. Mais uma inverdade absoluta, daquelas inventadas para a Polícia Federal, mas que não duram uma acareação séria com o “emir” da Tailândia, território misto e emblemático de Taguatinga com Ceilândia. Jair é o próprio vexame. Elas (as mentiras) duraram cerca de cinco anos ininterruptos: quatro de governo e um de campanha. Pródigo em baboseiras criminosas, o período quase levou o país para o buraco. Por isso, nunca é demais lembrar uma frase do próprio protagonista desta narrativa, dita para se esquivar de culpas pela morte de centenas de milhares de brasileiros atingidos pela Covid: “Sou Messias, mas não faço milagres”. Que alívio! Ainda bem, pois sempre soube que messias são quase santos e santos não sujam onde pisam.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.