Vista para o Mucuripe
Justiça Eleitoral mantém script da jubilação de Jair Bolsonaro
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emAté agora, tudo dentro dos conformes para os seis homens de ouro do Tribunal Superior Eleitoral, considerando que Raul Araújo, do STJ, vai aderir ao voto do colega Benedito Gonçalves, relator da peça e que votou para levar Jair Messias às nuvens da inelegibilidade. Apesar da tese beneditina de que o quase jubilado Bolsonaro fez “flerte perigoso com o golpismo”, o sétimo homem de ouro do TSE (Nunes Marques) ainda é uma incógnita tanto para um lado quanto para o outro. Que o voto vitorioso de Benedito Gonçalves tenha feito bem para todos. O combate ao bom combate recomeça nesta quinta-feira (29), quando, apesar de alguns lampejos anteriores pró-Bolsonaro, Raul Araújo deve referendar o fim político do ex-presidente que por pouco não levou a nação à bancarrota.
Segundo a votar, ele pode pedir vista para melhor “estudar” o processo que, a meu ver, está pra lá de estudado. Definitivamente não acredito, mas, caso a vista venha por parte dele, a estratégia de Alexandre de Moraes e de seus três outros seguidores (Carmém Lúcia, André Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques Neto) já é conhecida por Deus e por todo o mundo: eles adiantarão seus votos, que somados ao de Benedito Gonçalves, formarão a maioria necessária para a inelegibilidade política. Nesse caso, ainda que o ministro mantenha o pedido, a vista perderá o objeto. A incógnita atende pelo nome Nunes e pelo sobrenome Marques, o primeiro indicado por Jair Messias ao STF e o terceiro a votar.
Caso Raul Araújo não peça, pode ser dele a vista. Se roer a corda e se mantiver ao lado dos pares, com os quais ainda terá longa jornada pela frente, cairá em desgraça no front bolsonarista. Nesta quadra de sua vida profissional, longe dos olhos esbugalhados de seu indicador, o que é melhor: fechar com os pares e com o povo ou ficar fichado pelos rancorosos blogueiros do mal? Se pudesse ter com ele um embargo auricular, diria que as lamúrias de Valdemar Costa Neto, czar pouco seguro sem poder, e o ódio dos roedores de osso sem tutano são passageiros. Diria mais: a toga, a caneta e a última palavra são suas.
Ou eles escutam ou seguirão o mesmo caminho dos milhares de patriotas emburrecidos que, depois da barbárie de 8 de janeiro, verão o sol nascer quadrado por alguns bons pares de anos. Ministro Nunes Marques, além dos agradecimentos já feitos, vossa excelência não tem mais nada a ver com quem o indicou para o posto. Não esqueça que ele indicou, mas quem o aprovou e garantiu sua posse foram os senadores. Portanto, não queira segurar uma vela queimada que não é sua.
Procure assimilar o ensinamento do velho e sábio Marquês de Maricá, para quem, “Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições”. Aproveitaria o pé de orelha para também lembrar ao ministro Nunes Marques que nenhum tempo e nenhum lugar nos agrada tanto quanto o tempo que não existe mais. Imagina o lugar em que não estamos. Voa ministro, voa para bem longe do seu mito. Como bom cearense, a vista do ministro Raul Araújo já está definida: a Praia do Mucuripe, um dos cartões postais de Fortaleza.