Caranguejo fujão
Lula avança e destino de Bolsonaro é o de síndico
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emMuito mais do que órfã, a direita e a extrema-direita, particularmente esta, estão perdidas, sem rumo, tipo Easy Rider (filme estrelado, em 1969, por Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson) Sem, discurso, propostas, bandeiras e, agora, sem um pretenso líder, os insurgentes travestidos de patriotas não sabem mais o que falar ou fazer.
Estimular a espiral do ódio contra os que ainda acreditam no Brasil sério e economicamente viável não é mais recomendável, considerando que a suposta cegueira da Justiça foi cirurgicamente resolvida.
Também não rende mais ibope ou votos rotular a esquerda leniente de esquerdopata e entreguista. Da mesma forma, virou rixa fundamentalista islâmica denominar o governo de Luiz Inácio de comunista.
A verdade é que os extremistas não têm mais o que explorar. Por mais que os desinteligentes tivessem tentado e torcido, o Brasil não se argentinizou, tampouco se venezuelizou. Pelo contrário, econômica e politicamente estamos a anos luz dos dois vizinhos. Consolidamos o status quo de maior nação da América Latina, voltamos às mesas mais importantes de discussão sobre temas mundiais e, o que é melhor, recuperamos o prestígio e o respeito internacionais.
Exacerbado no governo estilo caranguejo, cujo mandatário achava bonito comer pizza nas calçadas das avenidas de Nova York, o medo de ser feliz deu lugar à confiança, à esperança e à certeza de que temos salvação.
Estrela que provoca arrepios àqueles que vivem da mentira, Lula falou grosso com Emmanuel Macron e disse que não ficarão sem respostas às ameaças do mercado europeu a um provável acordo comercial com o Mercosul. Conforme Luiz Inácio, não há hipótese da União Europeia faturar com o suor dos irmãos sul-americanos.
As diferenças entre ontem e hoje são muitas. Amado pela maioria e odiado pelos sem-chão, Lula da Silva não só botou o pau na mesa. Mostrou que não somos inferiores. Com todas as letras, pontos e vírgulas, deixou claro para Macron e companhia que nosso complexo de vira-latas em breve será coisa do passado.
Queiram ou não os abutres que deixaram o poder pela porta dos fundos, em seis meses Lula fez mais pelo Brasil e pelo povo do que o patético Bolsonaro em 28 anos como deputado federal e mais quatro como (des) presidente da República. Perdemos a identidade, a leveza e até milhares de patrícios, conforme atestou o Censo Demográfico de 2022. Quando todos esperavam o anúncio de 213,3 milhões de brasileiros, cerramos a contagem com 203 milhões.
Os 10 milhões de baixas não devem ser creditados somente à morte de milhares de cidadãos e de cidadãs por conta do pouco caso de Jair Messias durante a pandemia de Covid 19. Todos lembram que o Censo só saiu por determinação do Supremo Tribunal Federal, cujos ministros eram – e são – acusados pela patriotada pela queda de Bolsonaro.
Para quem nunca se aguentou em pé, ele até durou muito. O fato é que, para quem esperava uma administração catastrófica, o governo Lula vem mostrando que, quando se tem vontade, coragem e um mínimo de sabedoria, o país caminha para frente. O caranguejismo foi expurgado definitivamente por cinco dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
A prova cabal de que a extrema-direita perdeu tudo, inclusive o rebolado, veio semana passada, com o anúncio do maior Plano Safra da história brasileira. A disponibilidade de R$ 364,22 bilhões para custeio, comercialização e investimento do agronegócio em 2023 e 2024 derrubou de vez a tese golpista de que o governo petista se associaria ao MST para invadir o campo.
O volume de recursos é 27% superior ao anterior e vai garantir sustentabilidade aos produtores nacionais, hoje os maiores exportadores de proteína animal e listados como os principais fornecedores de grãos ao mercado mundial.
Enquanto isso, o país segue torcendo por novas boas notícias. Uma das mais aguardadas também deve chegar em breve: Jair Messias Bolsonaro ficará inelegível além de 2030 até para disputa de síndico.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978