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Sósia de Guilherme Amaral

Naime, homem de brios, é como cavaleiro medieval

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo/Marcelo Camargo -ABr

Para quem conhece Naime, sabe que ele é sinônimo de brio. Que vem a ser um homem valoroso, honrado, altivo, caprichoso, corajoso, digno e garboso. Seu coração é marcado por estímulos de lealdade, fidelidade, exatidão, franqueza, honestidade. É o tipo de pessoa que respeita os princípios e regras que norteiam as missões que lhe são confiadas com honra e probidade. Em síntese, é fiel aos compromissos que prometeu honrar quando vestiu a farda da Polícia Militar do Distrito Federal.

Esse exórdio acima – ou nariz de cera, expressão corriqueira das redações – é para questionar os motivos que têm levado o ministro Alexandre de Moraes a manter preso, há exatos 5 meses e quatro dias, o coronel Jorge Eduardo Naime. E não me venha, leitor, acusar-me do uso de retóricas. As investigações sobre o quase fatídico 8 de janeiro precisam continuar. Ou coisas piores não fizeram outras autoridades que hoje se encontram livres, inclusive para viajarem ao exterior?

– Meu irmão, que merda é essa que está acontecendo na Esplanada, na Praça dos Três Poderes? Vou lá. De cassetete em punho, arma no coldre, para colocar ordem na casa.

– Vá! Não te acompanho por estar de pijama (vestir ‘pijama’, para quem não sabe, é deixar a tropa para gozar aposentadoria). Baixe o sarrafo e apague esse incêndio que ameaça nossa democracia.

Esse diálogo foi trocado entre Naime e um colega de igual patente do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Naime, então, foi. Prendeu e arrebentou a horda de arruaceiros.

Naime autoconvocou-se para a missão. Estava em casa, arrumando as malas para gozar dias de folga na Bahia, mas nem por isso deixou-se vestir de verde, amarelo, azul e branco, as cores de um verdadeiro patriota, sob a farda de um oficial superior da Polícia Militar. Sua mente estava vermelha como o sangue que olhe corre nas veias.

Naime bateu e apanhou, mas agiu duro com a tropa, exigindo que os terroristas fossem encurralados, presos e levados para a Papuda. Enquanto Naime estava na frente de batalha, era decretada intervenção federal na segurança pública de Brasília.

Um mês depois (sete de fevereiro), veio a ordem de prisão. O coronel não entendeu bulufas. Por que atribuir a ele ser um dos mentores dos atos terroristas promovidos e patrocinados por bolsonaristas?, questionaram companheiros de farda – e mesmo os de pijama.

Naime é um homem de brios. Não come a maçã do Paraíso nem se permite deixar picar pela mosca azul. Faz-me lembrar Guilherme Amaral, personagem do premiado escritor português Camilo Castelo Branco. Não há por que viver sob a vigilância constante dos homens do barão d’Amares. Como Guilherme, Naime teve cravada em sua cabeça um ferro em fogo.

Particularmente, espero que Xandão esteja errado. Mas – o que avalio como improvável – se estiver certo, darei a própria mão à palmatória.

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