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Asas cortadas do Condor

Lira colado a Lula enterra de vez o projeto político bolsonarista

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

É claro que a participação do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), foi decisiva para aprovação da Reforma Tributária aguardada há décadas pelo povo brasileiro. Desnecessário entrar no mérito, tampouco buscar as razões para Lira ter, repentinamente, apoiado integralmente o presidente Luiz Inácio em suas últimas vitórias na chamada Casa do Povo. Ainda não são os melhores amigos, mas os gordos e saborosos valores liberados pelo Executivo para as emendas parlamentares às vésperas da votação da reforma deram o tom de uma “amizade” que, não se sabe até quando, deve ser consolidada em breve.

Ou seja, não importa que o custo tenha sido alto. Importante é que o país conquistou alguns degraus econômicos, entre eles um sistema tributário eficiente, simplificado e com justiça social. É o que o empresariado, o trabalhador e o governo esperam. Vamos pagar para ver. Uma amizade que começa é sinônimo de outra amizade que terminou. Assim é a roda da política. Entre os cidadãos do fosso, o normal é diga-me com quem andas e eu direi se vou junto ou não. No meio político, a frase é mais complexa: diga-me com quem andas e eu direi quantas cervejas devo levar. É o tal do dando que se recebe, criado pelo falecido deputado Roberto Cardoso Alves, um dos mentores do Centrão.

Sem fazer juízo de valor, obviamente que a sujeira é da natureza política. O jogo é jogado e independe de amizades ou companheirismos. Dá o meu e terás o teu. É assim que funciona o poder. Fatura quem tem a fartura. É a promiscuidade com nomes, sobrenomes e apelidos anotados nos livros contábeis das empreiteiras. Ou não? Claro que sim. A relação de Arthur Lira com Lula da Silva começou como terminou a do próprio deputado alagoano com o ex-presidente do faz de conta. O Brasil inteiro lembra que tudo começou com o bordão Fora Bolsonaro.

Sentado na cadeira principal da Mesa da Câmara, Lira, logo após a aprovação da Reforma Tributária, pronunciou uma frase que doeu nos ossos dos patriotas e dos aliados bolsonaristas. Na minha lacrimosa opinião, “Os vitoriosos estão no poder” não significou apenas uma explanação bajuladora a Lula, muito menos um expurgo público e explícito ao mito. Tanto nas igrejas católicas e evangélicas quanto nos centros de umbanda ou de candomblé, a locução foi entendida de forma bem menos republicana. Claramente se tratou de um agradecimento das brahminhas enviadas graciosamente pela Antarctica petista.

É o jogo sendo jogado. Pelo sim, pelo não, valeu pelo resultado tão aguardado. Boa parte do Partido das Lágrimas (PL) e do Republicanos, legendas consideradas fechadas com o mito de barro, votou com o governo Lula na Reforma Tributária. Isto quer dizer que os deputados destas duas legendas resolveram trabalhar pelo Brasil? Acho que não. Ainda é cedo, mas, com Bolsonaro fora do cenário, penso que a intenção da maioria do grupo é antecipar a busca por nomes capazes de representar a direita em 2026. Eu disse a direita, porque a extrema-direita parece ter perdido a última chance de reviver o voo do condor.

PL e Republicanos – do governador paulista Tarcísio de Freitas – divididos em relação a Lula são um sinônimo claro de encolhimento de Bolsonaro e família. Mais do que isso. É a prova de que tanto Jair quanto Valdemar Costa Neto não têm mais o controle físico, emocional e sexual que imaginavam ter sobre os parlamentares e simpatizantes dessas duas siglas. A partir de agora, Valdemar terá de dançar conforme a música. E Pai Messias? Preto Velho e Caboclo Pega na Rabeira mandaram avisar que ele só tem um caminho: depois do governo de faz de conta, voltar às origens caboclas do subúrbio carioca, onde, apesar da empáfia, sempre foi nada vezes nada. E Zé fini!

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