Curta nossa página


Cruzeiro Novo

Jarbas, o tosco, evolui como o rabo de jumento

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução Unsplash

Jarbas era tão tosco, que até a sua genitora, Clotilde, andava às turras com ele. Quanto aos outros, ninguém mais queria a companhia do troglodita.

Antes mesmo da troca do plantão noturno da portaria do bloco de uma quadra do Cruzeiro Novo, lá estava o resmungão defronte do apartamento da sua mãe, batendo de forma insistente, já que a velha era meio surda e a campainha vivia desligada para afastar os pedintes.

Para alívio dos vizinhos que continuavam nos braços de Morfeu, a porta finalmente abriu-se. Clotilde, ainda de camisola amarrotada por conta da noite mal dormida, com cara de poucos amigos, fitou o filho.

– O que é que você quer a essa hora, Jarbas?

– Ué, vim ver a senhora! Não posso?

A velha deu as costas para Jarbas, que entrou e fechou a porta. Ele seguiu os passos da sua mãe, que foi direto para a cozinha. A água do café já borbulhava. Ela pegou o coador e colocou um pouco de pó de café. Não demorou muito, lá estavam os dois sentados, um defronte ao outro, na pequena mesa de madeira.

– Mãe, todo mundo se afastou de mim. Até a Solange me colocou pra dormir no sofá.

Clotilde apenas observava, com certo desdém, as lamúrias do filho, que prosseguia a ladainha.

– No trabalho fico isolado, meus colegas apenas se dirigem a mim para falar coisas pertinentes ao serviço. Mãe, estou até fazendo terapia. Preciso melhorar o relacionamento com as pessoas. Mas acho que estou evoluindo.

– Está sim evoluindo… Que nem rabo de jumento!

– Como assim, mãe?

– Pra baixo!!!

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.