Malandros, as coisas não andam tão bem para os lados de vocês

Jorge Aragão bem que avisou: as coisas não andam tão bem para os lados dos malandros. E os homens da lei estão em cima. A prova é o cerco da Polícia Federal aos cabeças da tentativa de golpe no dia 8 de janeiro. Anderson Torres já foi preso, Silvenei Vasques mora na Papuda, Mauro Cid está prestes a ser algemado, e o presidente fujão Jair Bolsonaro não perde por esperar. Os dois últimos vivem assombrados, ouvindo sussurros diuturnos da deusa Themis.

Isto não é uma narrativa. É o que se traduz, literalmente, da leitura de dois documentos reservados a que Notibras teve acesso. O primeiro, assinado pelo delegado de classe especial Flávio Veitez, da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal; o segundo, tem a assinatura de Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, juiz federal lotado, como auxiliar, no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

Investigações preliminares e outras mais adiantadas atestam que o quarteto comandou os atos golpistas. Outras figuras civis e militares que se escondem por trás da fantasia do poder, também estão enfrentando uma operação pente-fino. De deputado a senador, passando por governador e general quatro estrelas, ninguém vai escapar. É como diz o ditado popular: caiu na rede (principalmente terrorista) é peixe, independente de ser graúdo ou piaba.

Duas dicas: 1) Vasques, coitado, vai responder também pelo crime de hipocondria. Isso porque, na audiência de custódia, ele disse tomar remédios tarja-preta sem receita médica. Para piorar o quadro, mentiu sobre seu estado de saúde. Disse ter uma doença imunosupressiva, ser celíaco (mal provocado por intolerância a glúten), está com depressão, com cefaléia frequente e ansiedade. O juiz auxiliar de Xandão determinou uma perícia médica. Só ai comprovou-se que o ex-diretor-geral da PRF estava com a pressão arterial alta, mesmo que momentânea; 2) os dois documentos, anexados ao inquérito de responsabilidade de Alexandre de Moraes, lá no STF, apresentam dezenas de fotos, mapas, gráficos…

Todas as investigações apontam para o mesmo caminho – prisão. A Polícia Federal já sabe o que Bolsonaro, Torres, Cid e Vasques fizeram na primavera passada. E também em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Ou seja, os federais têm conhecimento dos fatos de um recente verão que está na memória de todo mundo. Em síntese, os criminosos estão no mesmo balaio de gatos. Sejam golpistas ou milicianos. Pena que seja no Brasil. Fosse em outro lugar (repetindo Jorge Aragão) teriam o mesmo destino de Zeca, ao cair nas garras da lei.