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Gente dos Pampas

Banda do Petracco e cinco minutos de meia hora

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Apesar de ser carioca, tenho um grande carinho pela capital gaúcha, como também por Brasília. Por isso, durante o encontro semanal da trupe do Notibras em concorrida padaria na Asa Norte, meus colegas da redação, em especial o José Seabra, o Wenceslau Araújo e o Mathuzalém Júnior, sempre me cobram histórias sobre a principal cidade ao extremo sul. Obviamente que abro o bico rapidinho, mesmo porque o Seabra sabe que é a deixa para descer mais uma rodada de café gourmet.

Lá estávamos a Dona Irene, o Clei e eu no cachorródromo do Tesourinha, em Porto Alegre, quando surgiu um magrelo em sua bicicleta acompanhado de dois belos cães da nobre raça vira-lata. Não demorou muito, as nossas buldogues, Bebel e Clarinha, foram dar as boas vindas àqueles dois lindos cachorros, que logo soubemos se chamarem Cacau e Coco.

Enquanto as quatro crianças corriam para cá e para lá, chegando ao fundo, voltando para mais perto, eis que o tal rapaz da bici (alcunha gaúcha para bicicleta) se aproximou e começamos uma conversa, no início meio tímida, mas que logo se encheu de sorrisos e até algumas gargalhadas. “Nem precisa perguntar quem é o Coco e quem é o Cacau”, disse Marcio, fazendo menção às cores dos seus pupilos.

Conversa vai, conversa vem, faço uma pergunta que, provavelmente, tenha causado certo espanto aos outros donos de cachorros que estavam próximos.

– Marcio, o que você faz da vida?

– Dudu, eu sou músico há mais de 40 anos.

Pois é, eu estava diante do famoso Marcio Petracco, mas como autêntico forasteiro nem percebi o tamanho da minha gafe. Seja como for, ele não pareceu ter ficado chateado comigo, já que a nossa conversa se descambou para a música, onde percebemos algumas afinidades. Marcio me disse que iria fazer um show no Queen’s, famoso bar da cidade, no dia seguinte, 18 de dezembro de 2022. Seria uma apresentação com músicas dos Rolling Stones, justamente na data do aniversário de 79 anos do Keith Richards, lendário guitarrista.

Fomos uns dos primeiros a chegar ao Beco do Queen’s, quando as nuvens acinzentavam o céu da capital gaúcha. Típico dia de primavera! Um efusivo Marcio nos recebeu, enquanto fazia os últimos reparos no palco.

– Fio do bigode! Vocês vieram mesmo!

Demos os parabéns pelo aniversário do Marcio, já que ele iria fazer as vezes do Keith. Aliás, diria até que o Marcio estava mais parecido com o Keith Richards do que o guitarrista dos Stones poderia parecer consigo mesmo. Não demorou muito, o ambiente começou a lotar, apesar da chuva, que logo começou a derramar um monte de água. Abrigados, bebericamos e degustamos, enquanto nossos olhos e ouvidos se encantavam com a apresentação da banda. Tanto é que até arriscamos alguns passinhos ao lado da mesa.

O tempo pareceu voar, como geralmente acontece quando estamos nos divertindo. Logo chegou a derradeira “Satisfaction”, o que é o prelúdio do término do show da famosa banda inglesa. Todavia, assim que o último acorde desse clássico do rock and roll se esvaiu pelo ambiente, eis que o Marcio anuncia ao microfone: “A gente vai fazer uma pausa de cinco minutos e daqui a meia hora a gente volta”.

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