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Licença paternidade

Chegada da herdeira vira tema para crônica diária

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Arquivo Pessoal

Na quarta, 23, pela manhã, já na saída de mais uma das inúmeras consultas da minha amada, a Dona Irene, ela se vira para mim e diz que queria tomar café. Descemos o elevador com aquele sorriso nos lábios, enquanto o silêncio toma conta do local. É que a minha mulher, após conversar com a sua obstetra, decidiu que o parto não passaria do dia dois de setembro.

Já na calçada, fomos andando até a esquina e entramos na cafeteria de costume aqui em Porto Alegre. Pedi o café com leite da minha esposa, enquanto fiquei, como de costume, no café preto sem açúcar. A atendente ainda me pergunta se vou querer adoçante, oportunidade que lhe respondo com a mesma frase que guardo sempre na ponta da língua: “De doce já basta a vida!” Ela sorri.

Enquanto o pedido não vem, a Dona Irene aperta minha mão, como querendo dizer que, agora, temos uma data para a chegada da nossa Maria Luiza, que não para de chutar de dentro da barriga. Talvez teremos uma nova Marta. Quem sabe?

Impossível não me lembrar das minhas outras duas, hoje já crescidas. A mais velha já é advogada, enquanto a mais nova, que logo será a do meio, faz Biotecnologia na USP. A despeito de não ser pai de primeira viagem, a sensação é única. A Dona Irene diz que sou mais babão que o Chengulo, o meu buldogue.

O pedido chega. A futura mamãe degusta a iguaria que ela tanto adora. Levo um tempo para tocar no meu café, talvez ainda inebriado por saber a data que a nossa menina vai nascer. Aliás, será a primeira gaúcha da família em mais de um século, pois o último foi meu avô materno, que era da cidade de Rio Grande, mas que, logo aos seis anos, foi morar no Rio de Janeiro.

Assim que voltamos para a calçada, o meu telefone toca. Era a Marta Nobre, editora-chefe interina de Notibras, na ausência temporária do editor José Seabra. Como a maioria das mulheres, Marta gosta de mandar em nós, homens, como se maridos fôssemos dela. E lembrou que minha crônica do dia seguinte (a desta quinta-feira, 24) ainda não havia chegado. Isso foi a deixa para me atentar para uma coisa, que até então passara despercebida. É que licença paternidade dá direito a tudo, ou melhor, a quase tudo, bem como não me livra da obrigação de cronista, que é escrever diariamente.

A inspiração veio da consulta com a obstetra. Obrigado, caçulinha! Você me ajudou nessa. Espero que a chefe substituta tenha gostado. E vocês, leitores, também!

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